A poucos dias da tão aguardada inauguração da “Grande Barragem da Renascença Etíope” (GERD), o Egito e o Sudão expressam sérias preocupações, considerando a obra uma ameaça à estabilidade da região do Nilo. Enquanto isso, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, defende que a utilização do Nilo Azul representa o fim de uma luta milenar e o início de um novo capítulo para seu país.
Posicionamento do Egito e Sudão
Em um comunicado conjunto emitido no dia 3 de setembro, o Egito e o Sudão alertaram que a barragem etíope no Nilo representa uma ameaça contínua à estabilidade na bacia oriental do Nilo. Esse posicionamento foi debatido em uma reunião que envolveu os ministros das relações exteriores e responsáveis pela gestão das águas dos dois países, realizada no Cairo. O texto ressalta que a construção da barragem “viola o direito internacional” e pode ter consequências graves para os países situados ao longo do rio.
Em resposta, Abiy Ahmed afirmou, um dia após a declaração conjunta dos vizinhos, que a Etiópia está disposta a cooperar com o Egito e o Sudão para a gestão das águas do Nilo. Segundo ele, a barragem, agora finalizada, garantirá um fluxo constante e evitará inundações, ao mesmo tempo que não causou danos aos países a jusante.
A luta por acordos
As discussões sobre o uso das águas do Nilo têm sido longas e complicadas. O Egito e o Sudão pressionam por um acordo juridicamente vinculante que regule o enchimento e a operação da barragem. O governo egípcio advertiu que, na ausência de um entendimento, poderá adotar “medidas unilaterais”, uma vez que a barragem pode comprometer drasticamente o fluxo do Nilo, que é essencial para milhões de cidadãos que dependem do rio para sua sobrevivência.
As negociações em torno da GERD já se arrastam por mais de uma década, sem que uma solução seja alcançada. Apesar da falta de um acordo, a Etiópia promoveu o enchimento da barragem em várias fases, sendo que a sua inauguração está prevista para o dia 9 de setembro. O Egito, no entanto, declarou que as conversações sobre a GERD falharam em dezembro de 2023, citando a recusa da Etiópia em aceitar propostas técnicas e legais apresentadas.
Possíveis repercussões regionais
A tensão pela gestão das águas do Nilo pode ter repercussões que vão além das fronteiras da Etiópia, Egito e Sudão. Países vizinhos, como a Somália, podem ser afetados. A presença militar do Egito na região não é bem vista por Adis Abeba, levantando preocupações sobre um potencial conflito que pode envolver múltiplas nações devido a essa questão crucial de recursos hídricos.
*Com informações de agências de notícias.
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