Estão à venda obras de grandes nomes da arte, como Picasso, Jean-Michel Basquiat e Diane Arbus, que tiveram conexão com o escândalo 1MDB, um dos maiores casos de corrupção e lavagem de dinheiro do mundo. A venda ocorre nesta quinta-feira, de forma 100% online, com recursos destinados às vítimas finais do esquema na Malásia.
Leilão de obras de arte ligadas ao esquema 1MDB
As obras fazem parte de uma coleção apreendida pelo Serviço de Delegados Federais dos EUA (US Marshals) e estão sendo leiloadas pela Gaston & Sheehan Auctioneers, empresa com sede no Texas, especializada em bens confiscados. Segundo a entidade, esse leilão é uma oportunidade para caçadores de descontos adquirir arte de alto nível com preços abaixo do valor de mercado.
Obras e conexões com o crime financeiro
Entre as peças à venda estão uma nature-morta de Picasso, duas obras de Jean-Michel Basquiat e uma fotografia de Diane Arbus. Três dessas obras foram compradas por Low Taek Jho, conhecido como Jho Low, o mentor do esquema 1MDB, que depois as presenteou ao ator Leonardo DiCaprio, cúmplice na narrativa de associação ao crime.
De acordo com o governo dos EUA, Low usou recursos ilícitos para adquirir as obras, incluindo uma peça de Picasso, comprada por US$ 3,28 milhões em 2014, e uma obra de Basquiat, adquirida por US$ 9,4 milhões em 2012, ambas com fundos desviados do fundo soberano na Malásia. A fotografia de Diane Arbus, adquirida por Low por US$ 750 mil, também está na lista de itens leiloados.
Degraus das denúncias e recuperação de bens
O escândalo 1MDB envolveu a transferência ilegal de cerca de US$ 4,5 bilhões entre 2009 e 2015, com consequências que levam à prisão ex-primeiro-ministro malasio Najib Razak e ex-executivos do Goldman Sachs. Mais de US$ 1,7 bilhão já foi recuperado pelo Departamento de Justiça dos EUA, incluindo obras de arte, joias, bolsas e relógios de luxo.
Ocultação e valorização das obras ilícitas
Segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Globo, o fato das obras terem origem irregular pode até tornar o mercado mais atrativo para certos compradores, especialmente por se tratar de venda do governo dos EUA, o que transmite maior confiança. Além disso, a baixa nos preços atuais revela que muitos lances ainda estão abaixo do valor de mercado, sugerindo oportunidades para investidores atentos.
Implicações e próximos passos
O leilão destina-se a arrecadar recursos para as vítimas do esquema, incluindo cidadãos da Malásia que tiveram seus fundos desviados. Em 2017, Riza Aziz, produtor de “O Lobo de Wall Street”, que também é relacionado ao caso, revelou que recebeu a obra de Low como presente de aniversário. Ainda assim, o aspecto legal do processo reforça a transparência na venda dessas peças de alta relevância histórica e cultural.
Um porta-voz da Gaston & Sheehan afirmou que a venda é legítima, enquanto autoridades americanas reforçam que a iniciativa demonstra o esforço de recuperação de bens provenientes de um dos maiores crimes financeiros globais.
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