Teresina – O caso que chocou o Piauí e o Brasil ganhou mais um desdobramento trágico nesta quarta-feira (22). Maria Gabriela da Silva, de apenas 4 anos, morreu após passar mais de 20 dias internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). A criança é a quinta vítima fatal de um almoço de Ano Novo envenenado, tragédia que reuniu membros de uma mesma família no litoral do estado do Piauí.
Tragédia familiar
No dia 1º de janeiro, nove pessoas de uma mesma família foram intoxicadas durante o almoço. O prato servido, um tradicional baião de dois, estava contaminado com uma substância tóxica semelhante ao chumbinho. Desde então, a tragédia já tirou a vida de cinco pessoas: além de Maria Gabriela, morreram sua mãe, Francisca Maria da Silva (32 anos); seu tio, Manoel Leandro da Silva (18 anos); e seus dois irmãos, Maria Lauane (3 anos) e Igno Davi (1 ano e 8 meses).
Dos quatro sobreviventes, todos receberam alta médica. Entre eles está Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto de Francisca Maria e principal suspeito do crime.
Padrasto sob investigação
Francisco de Assis está preso e nega envolvimento no envenenamento. Porém, ele admitiu à polícia ter “nojo e raiva” da enteada e disse não gostar dos filhos dela. Segundo os investigadores, o suspeito apresentou versões contraditórias sobre o ocorrido, o que reforçou a hipótese de sua participação no crime.
De acordo com laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), o arroz consumido pela família foi contaminado com terbufós, uma substância altamente tóxica usada em pesticidas e encontrada no composto conhecido como chumbinho. A perícia concluiu que o alimento foi envenenado entre o jantar do dia 31 de dezembro e o almoço do dia 1º de janeiro.
Outras mortes sob investigação
A tragédia do Ano Novo trouxe à tona outra suspeita envolvendo Francisco de Assis. Ele está sendo investigado pela morte de dois irmãos de Maria Gabriela, Ulisses Gabriel (8 anos) e João Miguel Silva (7 anos), ocorridas em agosto e novembro de 2024. Assim como no caso atual, o veneno encontrado nos corpos dos meninos é o mesmo identificado nas vítimas do almoço envenenado.
Inicialmente, uma vizinha da família, Lucélia Maria da Conceição Silva, havia sido acusada de envenenar os irmãos. No entanto, um novo laudo pericial afastou sua participação no crime, levando à sua libertação. Agora, todas as evidências apontam para Francisco, que será investigado também por esses homicídios.
Nota do hospital e repercussão
Em comunicado à imprensa, o HUT lamentou a morte de Maria Gabriela e informou que “todos os esforços foram realizados para o pronto restabelecimento da menor”. A instituição manifestou solidariedade aos familiares, destacando o impacto emocional e social causado pela tragédia.
O caso segue repercutindo intensamente na região, gerando comoção e pedidos de justiça. A população do litoral do Piauí está mobilizada, exigindo celeridade nas investigações e punição para os responsáveis.
Um caso que ecoa o clamor por justiça
Enquanto a polícia avança na apuração do crime, especialistas apontam para a necessidade de atenção à segurança alimentar e à prevenção de envenenamentos no país. A tragédia envolvendo a família de Maria Gabriela ressalta, mais uma vez, a urgência de medidas eficazes para evitar que crimes como este se repitam.
A comunidade local permanece em luto, unida pela dor e pela busca por respostas. A memória das cinco vidas perdidas será um lembrete constante da importância de uma justiça que proteja os mais vulneráveis e responsabilize os culpados por tragédias tão devastadoras.
A investigação do caso está sob a responsabilidade da Delegacia de Homicídios de Parnaíba, liderada pelo delegado Abimael Silva.