Brasília – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início a uma nova rodada de articulações políticas visando uma possível reforma ministerial. Sob a coordenação do ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, o Planalto busca mapear as demandas de partidos aliados, especialmente do centrão, para consolidar apoios no Congresso e ajustar a composição da Esplanada dos Ministérios.
Sondagens
Padilha realizou reuniões estratégicas com lideranças políticas, incluindo o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito para assumir a presidência da Câmara dos Deputados. Apesar de a eleição no Congresso ser o tema principal, a reconfiguração dos ministérios foi mencionada durante o encontro. Outras conversas ocorreram com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e o deputado Ricardo Barros (PP-PR), com o objetivo de medir a temperatura entre as legendas aliadas.
Lula já deu aval para aproximações mais amplas com partidos como Republicanos, PSD, MDB e União Brasil. No entanto, as negociações formais, que envolverão as cúpulas partidárias, devem ocorrer apenas após a eleição das mesas diretoras do Congresso, prevista para fevereiro. O resultado dessas eleições será determinante para o avanço das conversas e a definição de novos espaços na Esplanada.
Cenário da reforma ministerial
Enquanto o MDB afirma publicamente não almejar mais espaço na Esplanada, o PSD tem manifestado insatisfação, reivindicando uma nova indicação ministerial. O Planalto também enfrenta a pressão de partidos como União Brasil, que busca reforçar sua presença no governo. A expectativa é que o PSD possa ganhar espaço em áreas estratégicas, como Infraestrutura ou Desenvolvimento Regional.
Apesar das tensões, Lula tem destacado que a reforma será conduzida com cautela, priorizando a eficiência administrativa e o equilíbrio político. “Não espero 100% de alinhamento, mas precisamos de uma base sólida que permita avançar em projetos fundamentais para o país”, declarou o presidente em reunião ministerial.
A saúde e Nísia Trindade no radar
Entre as pastas cobiçadas pelos partidos do centro, o Ministério da Saúde era apontado como um possível alvo da reforma. Contudo, a ministra Nísia Trindade conseguiu reforçar sua posição no governo. Após críticas iniciais, ela intensificou contatos com o Congresso, realizou mais de 265 reuniões com parlamentares em 2024 e apresentou ao presidente um plano detalhado sobre as prioridades da pasta, incluindo o programa Mais Acesso a Especialistas, que Lula deseja transformar em uma marca de sua gestão.
Fontes próximas ao Planalto indicam que Nísia não será substituída na reforma ministerial, e Lula já havia sinalizado preferência por manter um nome técnico à frente da pasta, mesmo em cenários de pressão política. Para 2025, a ministra pretende aumentar sua presença nas redes sociais, aproximando as ações da Saúde da população, conforme orientação do presidente.
A reforma ministerial deve ser conduzida com cautela, considerando o delicado equilíbrio político entre os partidos aliados. Além disso, o governo espera que as definições das mesas diretoras do Congresso, com Hugo Motta na Câmara e Davi Alcolumbre no Senado, facilitem as negociações com legendas-chave.
Lula já destacou em reuniões ministeriais que não espera “100% de alinhamento” com os partidos aliados, mas que as articulações devem ser feitas com foco na estabilidade política e nas alianças para 2026. Para o Planalto, a reorganização da Esplanada é uma peça central para garantir a governabilidade e impulsionar as agendas prioritárias do governo no próximo ano.
Com as articulações em andamento e uma reforma ministerial à vista, Lula busca consolidar apoios e fortalecer o diálogo político com partidos aliados. Ao mesmo tempo, nomes como Nísia Trindade se movimentam para reforçar posições e manter o foco nos desafios de suas pastas. A eleição no Congresso será o termômetro para as negociações, definindo os rumos da composição do governo e o futuro das alianças políticas no cenário nacional.