A ação penal contra Adriana Villela, envolvida no famoso “Crime da 113 Sul”, voltou a ter novos desdobramentos, após a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir, em uma votação apertada, anular a condenação que pesava sobre ela. A decisão foi tomada nesta terça-feira, 2 de setembro de 2025, e marca um importante capítulo na história legal desse caso que intrigou o país e inspirou um documentário no Globoplay.
Decisão do STJ e seus impactos
Com um placar de 3 votos a 2, o STJ acatou o argumento de cerceamento da defesa, afirmando que a condenação de Villela não poderia se sustentar, uma vez que parte crucial dos depoimentos foi apresentada apenas no momento do julgamento, comprometendo a equidade do processo. O ministro Sebastião Reis Júnior, que se opôs à condenação, ressaltou que as nulidades identificadas durante o processo prejudicaram a “paridade de armas” entre acusação e defesa.
A decisão implica que Adriana Villela retornará à condição de ré em um novo julgamento, mas agora, com a anulação de todas as provas e depoimentos coletados desde 2010. Um novo juiz de primeira instância terá a tarefa de decidir se irá revalidar parte das provas ou convocar um novo júri popular.
O caso do Crime da 113 Sul
Adriana Villela foi condenada por três homicídios: o de seu pai, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela; de sua mãe, Maria Villela; e de Francisca Nascimento, empregada da família. As mortes ocorreram em agosto de 2009 e completaram 16 anos no último fim de semana. No julgamento de 2019, Villela foi sentenciada a 67 anos e 6 meses de prisão, pena reduzida para 61 anos e 3 meses em 2022.
A defesa de Villela sempre alegou sua inocência, enquanto o Ministério Público do Distrito Federal buscava a execução imediata da pena. Agora, com a anulação, Adriana não cumprirá mais a pena e seu caso será reiniciado, deixando em aberto a possibilidade de novos desdobramentos.
Próximos passos e repercussões
Após a decisão do STJ, o caso será remetido a um juiz de primeira instância, que poderá decidir sobre a revalidação das provas ou a convocação de um novo júri. A nova fase processual se inicia em um clima de expectativa, uma vez que o acórdão com os limites da anulação ainda está por vir, sem previsão definida para sua publicação.
Tanto o embargo quanto o recurso da decisão precisam ser julgados pelo STJ e, se aceitos, a decisão pode ser revista. O Ministério Público do Distrito Federal já sinalizou que pretende recorrer da anulação e Tem um prazo de cinco a quinze dias para enviar os embargos.
O documentário “Crime da 113 Sul”, que foi lançado pelo Globoplay, trouxe à tona os elementos que cercam o caso, incluindo os depoimentos que agora foram considerados como cerceamento da defesa. A imagem de Villela, marcada por um crime que abalou não só a família, mas também a sociedade, continua a ser tema de debate e análise jurídica.
Reflexão sobre o processo judicial
A recente decisão do STJ é um lembrete da importância do devido processo legal e do direito à defesa. Casos como o de Adriana Villela colocam em evidência as complexidades do sistema judicial brasileiro, onde questões de evidência e defesa podem determinar o rumo de vidas e histórias. A espera pela nova fase do julgamento promete trazer à tona novos desdobramentos e a necessidade de revisitar a linha tênue entre justiça e legalidade.
Enquanto a história avança, a sociedade se pergunta: até onde as garantias legais vão e como isso afeta a busca pela verdade em casos de tamanha gravidade? O caso de Adriana Villela, agora de volta ao ponto de partida, continua a intrigá-la e, sem dúvida, a repercutir no imaginário nacional por muito tempo.