A desembargadora Sílvia Carneiro Santos Zarif, que ficou conhecida como a primeira mulher a presidir o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), anunciou sua aposentadoria nesta segunda-feira, 1º de setembro. A decisão vem a poucos dias de seu 75º aniversário, idade que marca o limite para a aposentadoria compulsória no serviço público. Com uma carreira exemplar que abrange 44 anos, Sílvia deixou uma marca significativa na justiça brasileira, especialmente ao abrir caminhos para a presença feminina em altos cargos na magistratura.
Uma trajetória marcada por conquistas
Nascida em Feira de Santana, Sílvia formou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia em 1974. Em 1981, ela entrou para a magistratura após ser aprovada em um rigoroso concurso público. Desde então, sua carreira foi marcada por diversas nomeações e ascensões em diferentes comarcas. Durante seu tempo como juíza, ela atuou nas comarcas de Terra Nova, São Gonçalo dos Campos, Feira de Santana, na 3ª Vara Cível, e em Salvador, na 12ª Vara Cível.
O ponto de virada na carreira de Sílvia ocorreu em 2002, quando ela ascendeu ao cargo de desembargadora. No dia 8 de fevereiro de 2008, Sílvia foi tomada posse como presidente do TJ-BA e, desde então, seu trabalho no tribunal se destacou por uma administração voltada à modernização e à inclusão.
O legado de Sílvia Zarif na magistratura
Sílvia Zarif é reconhecida não apenas por suas conquistas pessoais, mas também por seu papel em aumentar a representação feminina na magistratura baiana. Sua presidência do TJ-BA abriu espaço para que outras mulheres alcançassem posições de destaque, como é o caso de Cynthia Resende, que atualmente ocupa a presidência, sendo a quarta mulher a fazê-lo na história do tribunal.
A desembargadora também presidiu a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais, a 5ª Câmara Cível e a Comissão de Reforma Judiciária, Administrativa e Regimento Interno, contribuindo para a evolução do sistema judiciário baiano. Sua liderança foi marcada por iniciativas que buscavam agilizar processos e garantir uma justiça mais acessível para todos os cidadãos.
Reflexões sobre a aposentadoria
Em discurso de despedida, Sílvia expressou sua gratidão pelo tempo que passou no TJ-BA e refletiu sobre os desafios enfrentados ao longo de sua trajetória. “Cada dia foi uma nova oportunidade de aprender e contribuir para a justiça em nosso estado. Estou orgulhosa do caminho que percorri e das portas que ajudei a abrir para as futuras gerações de mulheres na magistratura”, disse a desembargadora emocionada.
Com sua aposentadoria, Sílvia Zarif deixa um legado imperdível que certamente será fonte de inspiração para muitos. Sua trajetória é uma prova de que a dedicação e compromisso podem mudar a história da justiça em nosso país e permitir que mais pessoas, independentemente de gênero, possam atingir suas aspirações profissionais.
O futuro da magistratura na Bahia
O exemplo de Sílvia Zarif ilustra a luta pela igualdade de gênero e o reconhecimento da competência feminina em posições de liderança. O TJ-BA, sob a presidência de Sílvia e agora de Cynthia, mostra que a magistratura baiana está seguindo um caminho evolutivo, onde as mulheres têm cada vez mais espaço e voz. A aposentadoria de Sílvia não é um fim, mas o início de uma nova era para a justiça na Bahia, sustentada pelas fundações que ela ajudou a construir.
A expectativa é que a trajetória de Sílvia inspire não apenas futuras magistradas, mas também jovens advogadas e juristas que buscam fazer a diferença em um mundo que ainda luta pela equidade de oportunidades. Com sua saída, o TJ-BA inverte a página de um capítulo intenso, repleto de história e conquistas, mas a narrativa de igualdade e justiça continua, fortalecida pela participação de tantas outras mulheres corajosas e decididas.