A governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, indicada pelo presidente eleito Donald Trump para o cargo de secretária do Departamento de Segurança Interna (DHS), participou nesta sexta-feira (17) de uma audiência no Senado, em Washington. Noem reiterou o compromisso do futuro governo em adotar políticas migratórias mais rígidas, classificando a segurança das fronteiras como a “prioridade máxima”.
Promessas de Trump para a imigração
Com a posse de Trump marcada para segunda-feira (20), Noem destacou que o presidente eleito pretende implementar medidas consideradas drásticas para conter o que chamou de “invasão” de migrantes sem visto pela fronteira com o México. Entre as ações previstas estão:
- A maior operação de deportação da história dos Estados Unidos;
- Reativação do programa “Fique no México”, obrigando migrantes a aguardar seus processos do outro lado da fronteira;
- Contratação de 10 mil novos agentes de segurança;
- Restrição ou eliminação de programas de entrada legal, como o Status de Proteção Temporária (TPS) e o uso do aplicativo CBP One para agendamentos migratórios;
- Proibição de cidades-santuário e retirada de benefícios federais para migrantes irregulares.
Trump também promete invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para justificar o fechamento da fronteira com o México e retomar a construção do muro fronteiriço.
Discursos e números
Durante a audiência, Noem justificou as propostas citando dados do Serviço de Controle de Imigração e Alfândega (ICE), segundo os quais 425 mil migrantes com antecedentes criminais vivem nos Estados Unidos, incluindo 13 mil condenados por homicídios e 16 mil por agressões sexuais.
“A administração Biden não está fazendo nada para reunir esses indivíduos e expulsá-los do nosso país. Nós faremos isso imediatamente, será a prioridade”, declarou.
Apesar da apresentação dos números, organizações de direitos humanos questionam a precisão dos dados e destacam que muitos dos registros remontam a décadas. O Departamento de Segurança Interna (DHS) reconheceu que os números incluem pessoas que entraram no país nos últimos 40 anos.
Impactos humanitários
As propostas de Trump e Noem têm gerado preocupação entre defensores dos direitos humanos, especialmente em relação ao futuro dos mais de 11 milhões de migrantes em situação irregular nos Estados Unidos. Programas humanitários, como os que permitem a entrada temporária de cidadãos de países como Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, também estão sob ameaça. Noem afirmou que tais programas serão avaliados “caso a caso”.
Apoio e controvérsias
Kristi Noem, vista por muitos como uma possível candidata à vice-presidência de Trump, tem sido uma das principais vozes em defesa da agenda migratória do presidente eleito. No entanto, sua trajetória política é marcada por controvérsias, como o episódio em que afirmou ter abatido sua cadela por considerá-la “indomável”.
Com a confirmação de Noem no Senado ainda pendente, a audiência reforçou o tom de urgência e polarização das políticas migratórias no próximo governo Trump, destacando o impacto potencial dessas medidas para milhões de pessoas nos Estados Unidos e em outros países.