Brasília – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu duramente as críticas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sobre a norma que estabelecia novos valores para o monitoramento de movimentações financeiras via Pix. Durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (14), Haddad acusou o senador de ser “pego pela Receita” no esquema conhecido como “rachadinha”, em que salários de funcionários comissionados são desviados para benefício próprio.
Revogação e medidas futuras
O governo anunciou a revogação da norma após intensa pressão política e a disseminação de fake news que distorceram seu objetivo. Segundo Haddad, a medida tinha como finalidade aumentar o controle sobre movimentações financeiras e combater crimes como lavagem de dinheiro. Ele adiantou que uma medida provisória com conteúdo semelhante está em estudo e deve ser publicada nos próximos dias.
“Não podemos colocar a perder os instrumentos que o Estado tem de combater o crime. As rachadinhas do senador Flávio, elas foram combatidas porque a autoridade identificou uma movimentação absurda nas contas do Flávio Bolsonaro. Agora, o Flávio Bolsonaro está reclamando da Receita? Ele não pode reclamar da Receita, ele foi pego pela Receita”, afirmou o ministro.
Ataques ao patrimônio dos Bolsonaro
Haddad também mencionou a aquisição de mais de 100 imóveis com pagamentos em espécie por familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo Flávio. “Não adianta esse pessoal que comprou mais de 100 imóveis com rachadinha ficar indignado com o trabalho sério que a Receita está fazendo. O Flávio Bolsonaro, ao invés de criticar o governo, deveria se explicar: como é que ele, nunca tendo trabalhado, angariou um patrimônio espetacular?”, questionou o ministro.
Histórico das acusações
O caso das rachadinhas envolvendo Flávio Bolsonaro veio à tona em 2018, quando movimentações financeiras atípicas foram detectadas em contas vinculadas a seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Em 2020, ele foi denunciado pelo Ministério Público do Rio sob acusação de liderar uma organização criminosa para desviar salários de funcionários.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou decisões relacionadas ao caso em 2021, e Flávio sempre negou qualquer irregularidade, alegando ser alvo de perseguição política.
Tensão política
As declarações de Haddad ampliam o embate entre o governo federal e a oposição liderada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Enquanto o governo defende a regulamentação como uma ferramenta para fortalecer o combate ao crime financeiro, a oposição acusa a medida de ser um instrumento de controle excessivo.
Com a nova medida provisória em andamento, o tema promete acirrar ainda mais os debates no Congresso Nacional e nas redes sociais.