Teresina – A política piauiense pode vivenciar um momento histórico nas próximas eleições estaduais. Pela primeira vez, uma mulher poderá encabeçar a disputa ao governo do estado com o apoio de grandes estruturas partidárias. A oposição, liderada pelo Progressistas, partido de centro-direita, e pelo União Brasil, sinaliza que Gracinha Moraes Sousa e Margarete Coelho são os nomes cotados para desafiar o governador Rafael Fonteles (PT), que tentará a reeleição.
Duas mulheres, dois estilos
Gracinha e Margarete possuem estilos totalmente diferente na política e esses perfis distintos das pré-candidatas refletem estratégias complementares para a oposição.
Gracinha Moraes Sousa, deputada estadual e filha do ex-prefeito de Parnaíba, Mão Santa, adota um estilo combativo. Conhecida por declarações diretas e embates públicos, Gracinha se destaca por seu apelo popular, especialmente no interior do estado. Recentemente, protagonizou um confronto com Petrus Evelyn, um jovem vereador progressista de Teresina, consolidando sua imagem de quem “bateu, levou”.
Por outro lado, Margarete Coelho, ex-deputada federal e ex-vice-governadora, representa um estilo mais diplomático. Com sólida experiência política e trânsito em Brasília, Margarete é vista como uma figura moderada e habilidosa em negociações. Apesar de não ter conseguido reeleição para a Câmara dos Deputados em 2022, sua trajetória política e a recente nomeação para o Sebrae nacional reforçam sua relevância no cenário político estadual.
Margarete Coelho como ponte entre oposição e aliados insatisfeitos
Ex-vice-governadora na gestão de Wellington Dias (PT) entre 2015 e 2018, Margarete pode ser um trunfo estratégico na disputa pelo governo do Piauí. Sua experiência na base aliada do petismo, somada à sua atual posição na oposição, a coloca como um possível elo entre forças políticas antagônicas.
Margarete tem histórico de articulação política e relações sólidas em Brasília, o que lhe confere credibilidade tanto entre oposicionistas quanto entre integrantes da base governista que podem estar descontentes com a atual gestão de Rafael Fonteles. Essa capacidade de transitar entre diferentes campos políticos pode atrair lideranças insatisfeitas e fortalecer uma candidatura de coalizão ampla.
Além disso, sua participação na chapa que levou Wellington Dias ao governo em 2014 demonstra sua habilidade em formar alianças estratégicas e superar divergências partidárias. Caso confirmada como candidata, Margarete Coelho pode representar uma ameaça significativa ao projeto de reeleição de Fonteles se conseguir reunir apoio não apenas da oposição tradicional, mas também de prefeitos que estão na base do governo, porém, não lêem na cartilha do governador.
Estratégias da oposição para desafiar Rafael Fonteles
A união entre Progressistas, liderado por Ciro Nogueira, e União Brasil, sob a liderança do prefeito de Teresina, Silvio Mendes, fortalece as chances da oposição. A vitória de Silvio Mendes na prefeitura em 2022 revitalizou a oposição, que havia sofrido com a migração de antigos aliados para partidos alinhados ao PT. A nova coalizão representa uma estratégia renovada para desafiar a hegemonia petista no estado.
Com Silvio Mendes como reforço político direto e a liderança de Ciro Nogueira nos bastidores, a candidatura de uma mulher ganha estrutura robusta para enfrentar a máquina governamental liderada por Rafael Fonteles.
Desafios para o governador Rafael Fonteles
O movimento do Progressistas é uma estratégia que pode complicar os planos de reeleição de Fonteles. O atual governador enfrenta o desafio de consolidar sua base política enquanto lida com uma oposição reorganizada e unificada. A possível candidatura de Gracinha ou Margarete com apoio de partidos grandes, como o União Brasil, representa um cenário inédito para o estado.
Além disso, a presença de uma mulher na disputa pode trazer um diferencial significativo na campanha, ampliando o apelo popular e colocando em xeque a força eleitoral do governador.
Histórico inédito
Se confirmada, a candidatura de uma mulher ao governo do Piauí representará um marco na política estadual. Será a primeira vez que uma figura feminina disputará o cargo com o suporte de grandes partidos e lideranças de peso, como o prefeito da capital.
Esse cenário reforça a importância das próximas semanas, quando os partidos deverão definir oficialmente suas estratégias e a candidatura que representará a oposição. Independentemente do nome escolhido, a eleição promete ser uma das mais acirradas e significativas da história recente do estado.