O Itamaraty formalizou nesta quinta-feira (28) a abertura de consultas à Câmara de Comércio Exterior (Camex) para avaliar possíveis contramedidas às tarifas impostas pelos Estados Unidos. A ação ocorre após o anúncio de Donald Trump de aplicar tarifas adicionais sobre produtos brasileiros, criticando a ingerência americana sobre decisões internas do Brasil.
Resposta do Brasil às tarifas dos EUA e recados sobre ingerência
Em ofício enviado à Camex, o governo brasileiro afirmou que a utilização ou ameaça de medidas tarifárias como instrumento de pressão revela uma tentativa de ingerência sobre os assuntos internos do Brasil. O documento destaca que tais ações atentam contra a soberania brasileira e as decisões do sistema judiciário local, reforçando a postura de repúdio ao tarifaço anunciado pelos norte-americanos.
Segundo o blog da jornalista Ana Flor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já solicitou avaliações sobre medidas específicas nos setores de óleo e gás, farmacêutico e agrícola. Entre as alternativas discutidas está a possibilidade de suspensão de direitos de propriedade intelectual, que incluiria a quebra de patentes de medicamentos e defensivos agrícolas, como resposta às barreiras comerciais de Trump.
Contexto do tarifaço americano e seus impactos para o Brasil
O tarifão entrou em vigor em 6 de agosto, após uma carta de Trump enviada ao governo brasileiro em julho, na qual vincula a medida às investigações envolvendo Jair Bolsonaro por tentativa de golpe em 2023. Apesar de uma longa lista de exceções, produtos como café — uma das principais exportações brasileiras — foram diretamente impactados pelo aumento de tarifas.
O decreto presidencial americano também inclui produtos como suco de laranja, petróleo, peças de aeronaves, madeira e aço, mas as tarifas afetam de forma significativa setores estratégicos da economia brasileira.
Consequências e estratégias brasileiras diante da medida
Além da formalização da consulta, o governo brasileiro tem considerado ações que possam neutralizar os efeitos das tarifas. As discussões internas apontam para uma possível suspensão de direitos de propriedade intelectual, uma medida considerada de forte impacto econômico e que, segundo analistas, pode servir como reciprocidade às ações americanas.
A resposta diplomática busca preservar a soberania do Brasil diante de uma postura de pressão por parte dos EUA, ao mesmo tempo em que avalia estratégias de contenção e retaliação compatíveis com o contexto internacional.
Perspectivas futuras
O governo deve definir nas próximas semanas as contramedidas mais adequadas, considerando o impacto sobre exportações e setores estratégicos. A iniciativa reflete uma postura firmemente nacionalista de Lula, que reforça a resistência brasileira às ações unilaterais de outros países, especialmente dos Estados Unidos.
