O recém-eleito prefeito de Nova Olinda do Maranhão, Ary Meneses (PP), foi preso neste domingo (15) após se entregar à Polícia Federal (PF) em São Luís. Ele era considerado foragido desde quinta-feira (12), quando a Operação ‘Cangaço Eleitoral’ tentou cumprir mandados de prisão contra ele e outros integrantes do grupo suspeito de crimes eleitorais na cidade.
A operação, conduzida pela PF, investiga um esquema de compra de votos e ameaças contra eleitores durante as eleições deste ano. Além de Ary, já haviam sido presos o vice-prefeito eleito, Ronildo da Farmácia (MDB), o sogro de Ary e a secretária de finanças do município. No total, foram cumpridos mandados de prisão e oito de busca e apreensão em Nova Olinda do Maranhão, São Luís e Cantanhede.
Compra de votos e intimidações
De acordo com a PF, o grupo utilizava dinheiro e materiais de construção, como telhas e cimento, para aliciar eleitores. Um caso revelado pelo programa Fantástico mostrou que o lavrador Danilo Santos negociou seu voto por 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e madeira. Porém, ao não receber o material prometido, mudou de ideia e foi ameaçado. Dois dias após as eleições, um caminhão da prefeitura recolheu as telhas já entregues à sua casa.
Outro relato é o da pescadora Luciane Souza Costa, que relatou ter sido ameaçada de morte junto com sua família por não cumprir o acordo de voto. Imagens gravadas por ela mostram um homem vestindo a camisa de campanha do candidato intimidando-a.
A PF aponta que aqueles que não cumpriam os acordos eram pressionados com intimidações, inclusive por pessoas armadas, e forçados a remover propagandas de candidatos adversários. Também há suspeitas de que parte dos recursos usados para a compra de votos tenha origem em verbas públicas federais.
Diferença mínima de votos e repercussão nacional
Ary Meneses venceu a eleição por uma diferença de apenas dois votos sobre Thaymara Amorim (PL), na disputa mais acirrada do país em um município de 14 mil habitantes. Em sua defesa, Ary publicou em redes sociais que “não é bandido” e que confia nas investigações da Justiça e da PF. Já Ronildo da Farmácia negou as acusações e afirmou ter feito uma campanha limpa.
A operação ‘Cangaço Eleitoral’ também apura práticas de organização criminosa, extorsão qualificada, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, além de crimes eleitorais. A investigação é um desdobramento de denúncias exibidas no Fantástico, em outubro, que trouxeram à tona depoimentos de eleitores que afirmaram ter sido coagidos ou ameaçados.
A Justiça Eleitoral ainda deve avaliar o impacto das denúncias e o futuro do mandato do prefeito eleito. Enquanto isso, a PF segue aprofundando as investigações, que já revelaram indícios contundentes de corrupção e manipulação eleitoral na região.