A Encíclica Laudato Si, divulgada há dez anos pelo Papa Francisco, não apenas ecoa no seio da Igreja Católica, mas também ressoa na consciência de muitas pessoas ao redor do mundo. O tema central de seu 10º aniversário, “Sementes de Paz e Esperança”, tornou-se ainda mais relevante em um contexto em que as crises ambientais e sociais se intensificam. Dom Roberto Francisco Ferreira Paz, Bispo Diocesano de Campos, compartilha sua reflexão sobre a importância de se cuidar da criação, alinhando-se ao chamado do Papa Leão XIV para este Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação.
Uma mensagem de esperança para um mundo em crise
Dom Roberto Francisco destaca que a mensagem de Leão XIV é uma continuidade da Encíclica Laudato Si, enfatizando a necessidade de resgatar a essência do cuidado com o mundo. Ao usar a analogia da semente de trigo, um símbolo de transformação e esperança, o bispo convoca as pessoas a se tornarem instrumentos de mudança em uma sociedade marcada por desigualdades e degradação ambiental.
“Em Cristo tornamo-nos sementes transformadoras e restauradoras”, afirma Dom Roberto, ressaltando que o potencial de regeneração e cura do planeta reside na ação comunitária e solidária. Ele convida a todos a unir esforços para dar vida aos ambientes áridos que, devido à crise climática e ao ecocídio, têm se multiplicado.
A urgência em agir pela criação
A realidade atual exige um olhar mais atento e uma mobilização prática de todos. Dom Roberto menciona que “diante da falta de consciência dos efeitos perversos da destruição do planeta, esquecemos que esta omissão espezinha o direito dos pobres e marginalizados”. O bispo se preocupa com os efeitos diretos que a degradação da criação tem sobre as comunidades mais vulneráveis, que são as mais afetadas pelas mudanças climáticas e pela exploração desenfreada dos recursos naturais.
Superando a dinâmica de destruição
O bispo também faz um chamado para que se supere a “dinâmica predatória” que tem invadido a relação dos seres humanos com a Terra. “É necessário romper com a mentalidade que vê a criação como um campo de batalha por recursos”, alerta, enfatizando a importância de uma política de preservação e cultivo, ao invés de exploração. Dom Roberto destaca que as feridas no planeta são consequência de atitudes que ignoram o chamado bíblico para cuidar do jardim do mundo.
A irmã, a criação, e a espiritualidade integral
A Encíclica Laudato Si é apresentada como um guia de espiritualidade integral que nos convida a: “cultivar e guardar o jardim do mundo”, conforme Gênesis 2,15. Para Dom Roberto, a missão da Igreja e de todos os cristãos não é apenas uma questão opcional, mas um aspecto fundamental da experiência cristã. Ele conclama os fiéis a vivenciarem essa vocação de guardiões da criação, promovendo ações concretas que promovam a justiça socioambiental.
“Trabalhando com ternura e amor, muitas sementes de justiça podem germinar, contribuindo para a paz e a esperança”, conclui Dom Roberto. Sua mensagem é um lembrete de que todos são chamados a transformar suas realidades e a se comprometer com o cuidado da criação. As sementes, então, não apenas representam a esperança de um mundo melhor, mas também exigem de nós o medo e a proatividade para agir em nome da justiça e da conservação da Terra.
O papel da Igreja e dos indivíduos
Como resposta a esse chamado, a Igreja Católica e indivíduos de boa vontade são incentivados a compartilhar a experiência da Ecologia Integral, ampliando o alcance da mensagem de Laudato Si. O desafio é coletivo e individual, onde cada pessoa pode se tornar uma “semente de mudança”, promovendo um futuro sustentável e solidário.
Para encerrar, Dom Roberto eleva suas orações ao Todo Poderoso, desejando que essas sementes de esperança possam dar frutos abundantes de paz, ressaltando o papel de cada um na construção de um mundo mais justo e ecológico. Deus seja louvado!
Em tempos de crise, a mensagem da Encíclica ainda se mantém viva, convocando a todos a refletir sobre o agir pela criação e a viver a transformação que o mundo tanto precisa.
