A operadora de aeroportos de Cingapura, Changi, anunciou ontem a venda de 70% de sua participação no Galeão, no Rio de Janeiro, para a Vinci Compass, em uma operação que ainda aguarda aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A transação marca a entrada da Vinci no setor aeroportuário brasileiro e deve impulsionar ampliação e melhorias na infraestrutura do terminal.
Detalhes do negócio e novos rumos para o Galeão
Com a venda, a Vinci Compass passa a compartilhar o controle do Galeão com a Changi, que mantém uma fatia de 15,3%. A Vinci, que já detém 35,7% do capital, figura como controle majoritário na nova holding denominada RJA, formada junto à Changi. O valor total do acerto não foi divulgado, mas a operação faz parte de uma revisão do contrato de concessão, aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que permite mudanças na composição societária e maior flexibilidade para investimentos.
Segundo José Guilherme Souza, sócio e líder de Infraestrutura na Vinci, a nova estrutura societária assegura a continuidade da operação com a gestão de sempre e prevê investimentos relevantes na ampliação do terminal. “Vamos atrair um novo hotel, criar centros de distribuição na área de carga e ampliar o hub de manutenção de aeronaves”, afirmou Souza. O programa de investimentos deve variar entre R$ 100 milhões a R$ 140 milhões ao ano.
Perspectivas de crescimento e melhorias no Galeão
Desde o início de 2024, o Galeão tem registrado aumento significativo no fluxo de passageiros, com crescimento de 25% até julho deste ano, atingindo quase 10 milhões de viajantes. A recuperação do terminal, que atualmente é o terceiro mais movimentado do país, é atribuída ao novo cenário de gestão e às recentes mudanças contratuais permitidas na revisão do contrato de concessão, incluindo a saída da Infraero na nova configuração societária.
O presidente da RIOgaleão, Alexandre Monteiro, destacou que a entrada da Vinci deve destravar novos investimentos e ampliar a competitividade do aeroporto. “Nosso objetivo é crescer, e temos capacidade para isso. O setor internacional tem grande potencial de recuperação”, ressaltou Monteiro, que permanece à frente da operação, com planos de realizar melhorias na infraestrutura.
Elos com o setor de infraestrutura e o futuro da concessão
A Vinci já atuava em outros segmentos de infraestrutura, como transmissão de energia e saneamento, e vinha avalizando investimentos em aeroportos há anos. Em 2016, participou de leilões de terminais em Porto Alegre, Florianópolis, Fortaleza e Salvador, mas não concretizou ofertas. Com o novo acordo, a gestora pretende, no próximo ano, adquirir a participação da Infraero no Galeão, reforçando sua presença no setor.
Esse avanço ocorre após a aprovação, pelo TCU, da revisão do contrato de concessão do Galeão, que inclui medidas como pagamento variável de outorga e simplificação do processo de licitação que prevê uma arrecadação mínima de R$ 932,8 milhões até março de 2026. Segundo Monteiro, a saída da Infraero no leilão aumentará a participação de investidores privados na operação.
“Fluimos de uma mudança de ambiente de negócios, com maior segurança para investimentos de longo prazo”, afirmou Souza. A nova composição societária também inclui um programa de stock options para o presidente, consolidando ainda mais o controle privado do terminal.
Desafios e oportunidades no setor aeroportuário brasileiro
O crescimento do Galeão reforça a perspectiva de que o setor aeroportuário brasileiro está em fase de transformação, com potencial de recuperação e expansão. A expectativa é de que a maior capacidade operacional e os investimentos em infraestrutura possam ajudar o aeroporto a retomar seu protagonismo e melhorar a experiência dos passageiros, que já representam a terceira maior movimentação do país.
Para analistas, esse movimento sinaliza uma tendência de maior participação do setor privado na gestão dos aeroportos nacionais, com potencial para ampliar a oferta de serviços e melhorar a competitividade.
Fonte: GLOBO – Negócios