O homem que matou duas crianças e feriu 17 outras pessoas na paróquia católica de Minneapolis, durante uma missa na quarta-feira (27), publicou um vídeo no YouTube antes do ataque, revelando uma motivação anti-cristã, além de conexão com ideias de Satanismo, racismo, antisemitismo e afeição por autores de massacres em massa.
Motivação anti-cristã e simbolismo satânico no ataque
Robin Westman — que nasceu como “Robert” e se identificava como mulher transgênera — morreu por suicídio após disparar contra a igreja durante a missa matutina, na qual a maioria dos fiéis eram crianças da escola paroquial. No vídeo, que já foi removido do YouTube, Westman aparece com uma mensagem de desculpas para os amigos e familiares, mas afirmou que só se sentia arrependido por esses e, em seguida, fez críticas às vítimas.
Ele afirmou estar “querendo isso há muito tempo” e se mostrou consciente do que fazia: “Não estou bem. Não estou no meu juízo. Sou uma pessoa triste, assombrada por pensamentos que não desaparecem. Sei que isso é errado, mas não consigo parar”.
No vídeo, Westman aproxima a câmera de uma imagem de Jesus Cristo usando a coroa de espinhos, que foi colocada em um alvo de tiro com forma humana. A imagem de Cristo tinha o texto: “Ele veio pagar uma dívida que não devia porque nós devemos uma dívida que não podemos pagar”.
Ele riu enquanto apontava a câmera para o alvo, que tinha mensagens e desenhos considerados satânicos e anti-cristãos. Entre as frases estavam: “Onde está teu Deus?” e “E agora, onde está o teu [palavra de baixo calão] Deus?”. Outras mensagens zombavam de Jesus na Última Ceia, como “tome isto tudo e coma”, frase dita por Jesus durante a Eucaristia.
Westman também desenhou um pentagrama invertido em uma das revistas carregadas, símbolo associado ao Satanismo, e escreveu o número “666”. Em uma arma, fez marcas de uma cruz invertida, um símbolo que foi cooptado por Satanistas e é usado para provocar a tradição cristã.
Amizade com ideologias de massacre, racismo e antisemitismo
Nos seus instrumentos de fogo, Westman escreveu nomes de cerca de uma dúzia de autores de massacres em massa, incluindo o norueguês neo-nazista Anders Behring Breivik, responsável por 77 mortes na Noruega, e o atirador neozelandês Brenton Tarrant, que matou 51 pessoas na mesquita de Christchurch.
Além disso, referências ao ódio racial e anti-Judaico também estavam presentes. Mensagens como “6 milhões não foram o suficiente” — uma alusão às vítimas do Holocausto — e palavras como “Jew gas” (gás judeu) estavam visíveis nas armas e munições carregadas por Westman. Outros textos continham expressões de discriminação contra países e grupos étnicos, incluindo uma frase contra a Índia, referências ao meme “remove kebab” — que denigre árabes e muçulmanos — e mensagens depreciativas sobre negros.
O vídeo também continha ameaças ao ex-presidente Donald Trump, com mensagens como “para as crianças” e o termo árabe “Mashallah” (“Deus quis”), além de referências a memes e ao filme “Coringa”.
Sinais de símbolos associados ao Satanismo e ao extremismo branco
No vídeo, Westman fez o símbolo da mão “OK” uma única vez, que em certos contextos de internet é interpretado como sinal de supremacistas brancos. Essa postura, embora comum, também foi usada em contextos de ideologias racistas e de Satanismo.
Pesquisadores que monitoram redes sociais, como apontado em relatório conjunto do Wisconsin Watch e ProPublica, descobriram que a jovem Natalie Rupnow, que promove ideias neonazistas e satânicas, utilizava símbolos semelhantes em suas redes e tinha profundo envolvimento com comunidades extremistas online. Ainda que Westman tenha feito referências a Rupnow e a esses símbolos, até o momento não há evidências conclusivas de vínculo direto entre o atirador e esses grupos.