Brasil, 28 de agosto de 2025
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Crise interna da ICE durante crackdowns de imigração sob Trump

Funcionários da ICE enfrentam pressão imensa e insatisfação em meio a intensificações nas prisões de imigrantes.

Em um clima de tensões crescentes, a Agência de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos (ICE) se tornou o principal agente da política de imigração agressiva do presidente Donald Trump. Com um financiamento recorde e novas autoridades para realizar operações de fiscalização, a agência está enfrentando uma crise interna que se reflete na insatisfação de seus funcionários. Longas jornadas de trabalho e um aumento no descontentamento público sobre as táticas de prisão estão colocando a ICE sob pressão.

Alta demanda e baixos níveis de moral

Conforme reportado por Reuters, agentes atuais e ex-funcionários da ICE expressaram preocupações sobre o esgotamento e a frustração entre o pessoal. Eles mencionaram que a demanda para realizar prisões em massa está levando a um nível de estresse insustentável dentro da agência. Apesar de concordarem com a necessidade de fiscalização da imigração, muitos criticaram as cotas diárias de prisões estabelecidas pela administração Trump, que resultaram na detenção de milhares de pessoas sem antecedentes criminais, incluindo residentes permanentes e cidadãos americanos.

As imagens de prisões frequentemente compartilhadas nas redes sociais, mostrando agentes mascarados em trajes táticos, geraram indignação pública, com muitos cidadãos confrontando os agentes nas ruas. Este clima hostil tem afetado a moral da equipe, que se vê sobrecarregada pela quantidade de prisões exigidas.

Aumento das prisões sob novas diretrizes

De acordo com dados da ICE, o número médio de prisões diárias aumentou em mais de 250% em junho, em comparação com o ano anterior. No entanto, o impacto dessa pressão excessiva começou a ser sentido de forma mais aguda em julho, quando as taxas de prisão começaram a cair. A administração Trump tem defendido que deseja deportar “os piores dos piores”, mas as estatísticas da ICE mostram um aumento na detenção de pessoas sem antecedentes criminais.

Em seus primeiros seis meses, a ICE prendeu em média 221 pessoas por dia apenas por violação de imigração, um aumento em relação a 80 detenções diárias durante o mesmo período sob a administração anterior. Esses números provocaram uma onda de críticas, especialmente porque 69% das prisões ocorreram entre pessoas já condenadas ou que enfrentavam denúncias.

Busca por novos recrutas

Em resposta à crescente pressão e ao desgaste entre o pessoal já existente, a ICE lançou uma campanha de recrutamento com o objetivo de contratar 10.000 novos oficiais ao longo dos próximos quatro anos. O financiamento adicional obtido pela agência—aproximadamente 75 bilhões de dólares—foi um ponto crucial para essa expansão.

Embora a ICE tenha recebido um forte apoio financeiro, o processo de contratação pode levar meses ou até anos, o que deixa os atuais funcionários ainda mais sobrecarregados. As iniciativas de recrutamento incluem campanhas publicitárias agressivas nas redes sociais e apelos por “americanos patrióticos” para que se inscrevam para as vagas abertas.

Desafios operacionais e a pressão política

Os desafios operacionais intensificam a pressão sobre a ICE, com vários agentes sendo redirecionados de investigações especializadas, como tráfico humano e gangues transnacionais, para a aplicação de normas de imigração mais convencionais. Essa mudança despertou críticas entre os funcionários, que sentem que a eficácia da luta contra crimes mais graves foi comprometida.

Diante do clamor por resultados, muitos têm receio de perder seus postos se não cumprirem os requisitos de prisões impostos pela Casa Branca. Um clima de instabilidade tem permeado a agência, com trocas constantes de liderança impulsionadas pela busca desenfreada por números elevadíssimos de prisões.

A percepção pública e futuro incerto

A desaprovação pública às táticas de imigração de Trump também tem gerado um impacto significativo na moral da ICE. Segundo uma pesquisa da Reuters/Ipsos, a avaliação do presidente sobre imigração caiu de 50% em março para 43% em agosto, refletindo uma visão cada vez mais negativa das suas táticas de confronto com imigrantes.

A percepção dos cidadãos sobre as operações da ICE tem sido severamente prejudicada por relatos de detenções em locais como escolas e durante deslocamentos diários. Enquanto isso, agentes da ICE enfrentam desafios não apenas operacionais, mas também emocionais, prevalecendo o desejo de retornar a um modelo de fiscalização mais focado e menos intensivo.

A contínua pressão por resultados e o estresse acumulado podem ter impactos duradouros na estrutura e na funcionalidade da ICE, à medida que a agência navega por um período de intenso escrutínio público e exigências funcionais. A luta por mudanças internas se torna cada vez mais significativa frente a um futuro que permanece incerto.

Com a administração continuando a pressionar por resultados concretos, o que vem pela frente ainda é um grande ponto de interrogação para os funcionários da ICE e aqueles que os observam de fora.

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