Brasil, 27 de agosto de 2025
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Reações às declarações de Greene sobre Jasmine Crockett geram debate sobre racismo e representação

A deputada Marjorie Taylor Greene foi criticada por questionar a autenticidade da experiência de Crockett, levando a acusações de macroagressão racial.

Recentemente, a deputada republicana Marjorie Taylor Greene (EUA) provocou forte repercussão ao criticar a congressista democrata Jasmine Crockett (Texas) por questionar sua compreensão sobre a experiência negra nos Estados Unidos. Greene, que é branca, liderou uma discussão sobre o “luto negro”, sugerindo que Crockett, negra, talvez não entenda de fato essa vivência.

Greene e a acusação de macroagressão contra Crockett

Durante uma entrevista, Greene afirmou que Crockett “finge” compreender o sofrimento histórico do povo negro, criticando sua trajetória acadêmica privada e uso de expressões africanas-americanas. Ela disse que Crockett é uma “fraude”, comparando sua aparência a elementos considerados “fakes”.

Ao defender a sua posição, Greene afirmou que seu posicionamento é uma resposta a ataques de “brancos supremacistas” que enviam ameaças e ofensas, alegando que sua experiência de vida no país demonstra sua vivência do racismo.

Repercussões e críticas de especialistas

Criada por esses comentários, a resposta de Crockett veio através do Twitter, sem citar Greene diretamente. Ela afirmou que as críticas refletem uma tentativa de desmerecer a sua representatividade e sua luta contra o racismo estruturado.

Porta-vozes de organizações de direitos civis alertaram que as provocações de Greene representam uma macroagressão — ato de ataque mais profundo do que microagressões, que tenta diminuir a compreensão e a experiência de pessoas negras.

A advogada Portia Allen-Kyle, do grupo Color Of Change, explicou que a linha de racismo de Greene é parte de um padrão de desumanização das mulheres negras, ao focar em aparências e ignorar o conteúdo de suas palavras.

O contexto de ataques racistas contra Crockett

Crockett enfrenta uma série de ataques de direita, incluindo críticas à sua forma de falar, por usar o African American Vernacular English (AAVE), além de acusações infundadas de comportamento “diva” e “falsidade”.

Ela já se manifestou sobre essas críticas, dizendo que seu jeito de falar é uma mistura de sotaques texano e de St. Louis, desmistificando a tentativa de menoresprezar sua cultura.

Obstáculos à representatividade negra na política

Especialistas argumentam que esses ataques refletem o desconforto de setores conservadores com a presença de parlamentares negras que desafiam estereótipos. Segundo Deepak Sarma, da Universidade de Case Western, tais ataques fazem parte de uma estratégia de deslegitimação baseada no racismo e na negação da experiência negra.

Por sua vez, Allen-Kyle destaca que as críticas também têm por objetivo fortalecer uma narrativa de que o sucesso de Crockett é questionável, por ela ser “inteligente” e ter recebido educação privada, o que contraria o preconceito de que negros deveriam estar vinculados a pobreza.

Implicações da narrativa de Greene para a política racial

Analistas afirmam que a fala de Greene mostra um esforço de normalização de discursos racistas, ampliando uma cultura de ataques a líderes negros. Sarma observa que ataques desse tipo são uma forma de projeção de inseguranças de setores que resistem à diversidade.

Além disso, eles ressaltam que a questão da aparência, da educação e do sotaque serve como uma estratégia para tentar desqualificar e desumanizar figuras negras na política, reforçando preconceitos históricos.

Por fim, especialistas reforçam que essas atitudes evidenciam a persistente luta por reconhecimento e direitos civis, num cenário onde racismo e preconceito ainda se disfarçam de debates políticos. Crockett é vista como uma representante de resistência e autenticidade diante dessas tentativas de deslegitimação.

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