No último dia 26 de agosto, durante o Encontro de Rimini, Itália, destacou-se o 1700º aniversário do Concílio de Nicéia, um marco decisivo na história do cristianismo, onde foi formulado o Credo que unifica a fé entre os cristãos. O evento contou com a presença do cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e do patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I. A ocasião foi descrita como um “momento de ouro” que, através de seus “impulsos ecumênicos”, deixou um legado perdurável para a Igreja cristã.
Nascendo o Credo: um laço de união
Em sua palestra, o cardeal Koch enfatizou que o Concílio de Nicéia representa um verdadeiro “momento de ouro” na história da Igreja, por ter estabelecido importantes “impulsos ecumênicos”. O principal resultado desse concílio foi o Credo, que define “o único Senhor Jesus Cristo como Filho de Deus”, e que permanece sendo a base da fé comum entre todos os cristãos. Segundo o cardeal, esse Credo serve como “o vínculo ecumênico mais forte” que une as diferentes denominações cristãs, estabelecendo um caminho claro para a unidade da Igreja ao longo dos séculos.
A busca por uma Páscoa unificada
Outro ponto crucial abordado no evento foi a proposta de estabelecer uma data universal para a celebração da Páscoa. Koch ressalta que o Concílio de Nicéia teve um papel importante nesse sentido, ao buscar uma norma que unificasse a celebração. O desejo de uma data comum é visto pelo cardeal como uma oportunidade de reforçar a convicção da fé cristã, ressaltando a Páscoa não apenas como a festa mais antiga, mas também como a mais significativa. Ele fez questão de salientar a importância de evitar novas divisões entre as Igrejas, observando que um consenso em torno da data poderia ser um forte sinal de unidade.
Inspiração para métodos sinodais
O legado do Concílio de Nicéia também se estende ao que hoje conhecemos como “método sinodal”. Este método é caracterizado pela deliberação e pela tomada de decisões em conjunto, um conceito que o Papa Francisco promove em sua administração atual. Koch sugere que o Concílio pode ser visto como um precursor deste estilo de governança eclesiástica, que busca incluir diferentes vozes dentro da Igreja em um espírito realmente ecumênico.
Fundamentos do discurso teológico
O patriarca Bartolomeu destacou que o Concílio não só editou o Credo, mas também abriu caminhos para a Igreja em termos de teologia. Com suas decisões, ele permitiu que a Igreja codificasse seu discurso sobre Deus, oferecendo uma forma universal de compreensão e prática da fé. Ele citou a definição da Trindade como um exemplo de teologia que não é apenas um conceito filosófico, mas uma verdadeira realidade que define a vida cristã.
Caminhando juntos em unidade
Bartolomeu enfatizou a importância do testemunho que as decisões do Concílio proporcionaram. Esse testemunho deve servir como guia para o ensino dos líderes espirituais contemporâneos. A assembleia de bispos convocada refletiu um desejo de caminhar juntos. O patriarca utilizou o termo grego “synod” para reforçar a ideia de que todos devem seguir o caminho juntos, em unidade. Ele concluiu ressaltando que os esforços para celebrar a Páscoa em uma única data devem ser acompanhados com a devida prudência, a fim de não promover novas divisões entre as Igrejas.
Impactos duradouros do Concílio de Nicéia
Concluindo sua visão sobre o Concílio, Bartolomeu afirmou que ele representou uma mudança significativa na trajetória da Igreja cristã. Com suas decisões e doutrinas, o Concílio de Nicéia moldou a ortodoxia e se tornou uma referência indispensável para os fiéis. Embora não tenha resolvido todas as disputas entre as diversas correntes de pensamento, ele lançou “fundamentos” que seriam essenciais para a construção da Igreja nos séculos seguintes.
Esse evento celebrado em Rimini reafirma a importância do Concílio de Nicéia e sua relevância contínua na busca por unidade e compreensão dentro da diversidade cristã. É um chamado à reflexão sobre as raízes da fé comum e a necessidade de caminhar juntos em direção à unidade.
