O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou nesta segunda-feira (26) que pretende expandir sua estratégia de investimentos na área de tecnologia, buscando participação em outras grandes empresas após a aquisição de 10% na fabricante de chips Intel. A iniciativa mostra uma mudança significativa na relação entre governo e setor privado, com foco na nacionalização de indústrias estratégicas.
Investimentos governamentais marcam mudança na política industrial dos EUA
Trump declarou que sua nova estratégia econômica visa “pegar o máximo que eu puder”, sinalizando o interesse do governo em obter participação acionária em empresas de alta tecnologia, especialmente no setor de semicondutores. Essa abordagem contrasta com a tradição republicana de não interferência no mercado livre e indica uma tentativa de ampliar o protagonismo do Estado na economia.
A aquisição da participação na Intel, considerada a intervenção mais contundente na iniciativa privada desde a crise de 2008, é parte de um movimento maior de intervenção do governo na indústria de semicondutores. Segundo fontes oficiais, a medida foi tomada apesar de críticas internas e do risco de comprometer a competitividade da empresa.
Perspectivas de expansão e riscos do novo modelo
Além da Intel, o governo norte-americano busca envolver-se com fabricantes de chips como Nvidia, e planeja obter 15% da receita com vendas de tecnologia avançada para a China. O objetivo é impulsionar a produção doméstica e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, sobretudo na região da Ásia.
Autoridades econômicas alertam, no entanto, que essa estratégia apresenta riscos, como a possibilidade de empresas passarem a tomar decisões com base em considerações políticas e de usar recursos públicos para sustentar companhias que enfrentam dificuldades, sem garantir sua expansão de longo prazo.
Reações e críticas ao intervencionismo
Analistas conservadores como Michael R. Strain caracterizaram a estratégia como uma “extorsão corporativa oportunista” e alertaram para os possíveis efeitos negativos ao ambiente de negócios. O economista destacou que a intervenção estatal pode gerar custos e prejudicar a competitividade das empresas.
Criticamente, especialistas questionam o alinhamento do governo com os interesses do setor privado. Segundo fontes do setor de tecnologia, executivos aguardam clarificações sobre o funcionamento prático das ações do governo e temem que a participação acionária possa limitar a autonomia das empresas.
Posição oficial e controvérsias
Representantes da Casa Branca defenderam as ações, afirmando que os investimentos são essenciais devido à importância estratégica dos semicondutores para a economia americana. Um funcionário disse que a medida é justificada pela relevância da Intel e que o governo busca proteger a cadeia de suprimentos nacional.
No entanto, críticas apontam que o acordo, que envolve o repasse de quase 9 bilhões de dólares à Intel, contraria as condições estabelecidas pelo governo Biden na Lei CHIPS, que condicionava o apoio financeiro à produção local de chips. Com a mudança, fundos foram liberados de imediato, mesmo sem a produção acontecer em solo americano.
Futuro da intervenção estatal na economia dos EUA
Autoridades do governo Trump já sinalizaram a possibilidade de ampliar a estratégia para outras empresas de setores como defesa e inteligência artificial, reforçando uma política de intervenção que muitos analistas consideram de formato próximo a um “fundo soberano”.
Por outro lado, especialistas alertam que essa postura pode prejudicar a competição e criar um clima de incerteza no mercado, além de colocar em dúvida a autonomia das empresas americanas frente ao governo. O debate sobre o papel do Estado na economia dos EUA promete aquecer os próximos meses, com impacto direto na indústria de tecnologia e no relacionamento com parceiros internacionais.