A congressista republicana Marjorie Taylor Greene (EUA) recebeu severas críticas após fazer comentários considerados racistas e mentirosos sobre a colega democrata Jasmine Crockett, que é negra. Greene questionou a autenticidade da experiência de Crockett como mulher negra, alegando que sua trajetória não condizia com uma “experiência real” de racismo, e afirmou que ela “finge” compreender a luta dos negros nos Estados Unidos.
Repercussões e respostas de Crockett
Crockett respondeu às declarações de Greene por meio de uma postagem no X (antigo Twitter), embora sem nomear Greene explicitamente. A congressista destacou que as palavras da colega republicana representam uma macroagressão, uma forma mais grave que uma microagressão, ao atacar sua aparência e valididade enquanto mulher negra na política.
Especialistas e ativistas apontaram que as declarações de Greene reforçam um padrão de racismo estrutural. Portia Allen-Kyle, diretora interina do organização de justiça racial Color Of Change, explicou que as críticas de Greene — incluindo comentários depreciativos sobre a aparência de Crockett — fazem parte de uma tradição de ataques racistas e sexistas contra mulheres negras.
Contexto político e ataques racistas
Greene também retrucou críticas anteriores envolvendo a trajetória educacional de Crockett, dizendo que ela “se finge de pobre” e que suas instituições de ensino seriam parte de uma farsa. Além disso, a congressista afirmou que Crockett tenta passar uma imagem que compreende a “luta dos negros”, quando, na visão de Greene, ela teria vindo de uma “vida privilegiada”.
Discurso de ódio e a perpetuação do racismo
Adversários de Greene alertam que suas falas reforçam a normalização do discurso anti-negro e de desumanização, algo que estaria contribuindo para o aumento de ataques racistas. Sarma, especialista em ciências religiosas e cultura pública, destacou que as declarações de Greene ilustram um padrão de estratégias usadas por figuras como Donald Trump para desacreditar líderes negros e questionar sua real experiência de vida.
Segundo Sarma, esse tipo de deslegitimação está ligado ao fenômeno de projeções psicológicas, onde sentimentos e comportamentos inaceitáveis são atribuídos a outros. Assim, críticas sobre Crockett parecem refletir o desconforto de certos setores com uma mulher negra que não segue o padrão de “perfume e aparência” imposto por tradicionalismos racistas.
Impactos e o futuro do debate racial
Ativistas afirmam que as agressões de Greene representam uma tentativa de deslegitimar a liderança negra na política americana. Allen-Kyle ressalta que ataques a Crockett, incluindo comentários sobre sua educação privada e uso de African American Vernacular English (AAVE), evidenciam um esforço de manter estereótipos racistas e desqualificar o sucesso de mulheres negras no poder.
De acordo com a especialista, o episódio é mais uma mostra de como a narrativa racista continua a ser alimentada por figuras políticas de direita, levando a uma normalização de discursos hostis contra negros e negras nos espaços públicos e políticos.
À luz dessas manifestações, o debate sobre racismo estrutural e macroagressões na sociedade americana ganha ainda mais evidência, reforçando a importância de o combate ao racismo ser constante e multifacetado.
Este episódio ilustra o quão longe ainda estamos de uma sociedade verdadeiramente igualitária, onde diferenças não sejam motivo de ataques ou deslegitimações.