O deputado Alfredo Gaspar (União-AL) foi escolhido relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, em um acordo político que representou uma derrota para o governo. Em entrevista, Gaspar afirmou que Frei Chico, irmão do presidente Lula, poderá ser convocado “se necessário”, apesar da tentativa do Palácio do Planalto de evitar essa convocação. O deputado também comentou sobre a possibilidade de convocar o ex-presidente Jair Bolsonaro, ressalvando que, se isso ocorrer, também deveria abranger outros ex-presidentes, como Dilma Rousseff e Michel Temer.
A posição do relator em relação às convocatórias
Independência e rigor nas investigações
Alfredo Gaspar destacou que sua abordagem à relatoria da CPI será técnica e baseada em evidências. Ele enfatizou que seu foco será a investigação de possíveis fraudes que afetam os aposentados e pensionistas. “Vou atacar os bandidos que meteram a mão no dinheiro dos aposentados, pensionistas e no crédito consignado. O trabalho será sério e técnico”, afirmou.
A convocação de Frei Chico
Quando questionado sobre a convocação de Frei Chico, o deputado deixou claro que não se deve proteger ou perseguir ninguém. “Se for necessário, deve ser convocado, como qualquer outro”, declarou, ressaltando que sua missão será investigar com seriedade e seguir os ritos necessários. Ele mencionou que seu primeiro requerimento como relator foi pela convocação de Frei Chico, mas que agora ele precisa seguir um processo estruturado.
Convocação de ex-presidentes: um critério justo
Em relação à possibilidade de convocar Jair Bolsonaro em meio às investigações, Gaspar foi incisivo: “Não vejo problema nenhum, desde que o critério seja igual para todos os demais ex-presidentes que estiveram com a gestão sob investigação”. Ele defendeu que, se a CPI convocar Bolsonaro, o mesmo deve ser feito com Dilma, Temer e Lula, para garantir a equidade no tratamento entre os ex-mandatários.
Visita a Bolsonaro em prisão domiciliar
Alfredo Gaspar também foi questionado sobre uma possível visita a Bolsonaro, que se encontra em prisão domiciliar. Ele declarou ter admiração pelo ex-presidente e que teria aceitado um convite para visitá-lo antes de assumir a relatoria, mas comunicou que, com a nova responsabilidade, não achava “um momento conveniente” para tal visita.
Autodefinição e oposição ao governo
Apesar de ser rotulado como “bolsonarista” por alguns colegas, Gaspar afirmou que não se incomoda com essa classificação e se considera uma figura de direita. “Sou de direita. Não sei bem o que significa ser bolsonarista, mas pode dizer que eu sou”, declarou, destacando que não se elegeu apenas pela imagem de Bolsonaro.
Quando questionado se o governo havia procurado por sua moderação após assumir a relatoria, Gaspar afirmou que não. Ele reconhece ser de primeiro mandato e ter poucos contatos políticos, mas reafirmou que seu trabalho será orientado por critérios técnicos e imparciais.
O papel da CPI diante de investigações em andamento
Com investigações já em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e operações da Polícia Federal em andamento, Gaspar explicou que a CPI terá acesso a dados e poderá avançar em outras frentes. “A CPI poderá corroborar as investigações existentes. Já recebemos muitas informações que confrontaremos com documentos e depoimentos”, afirmou, sugerindo a importância do trabalho da CPI em complementar as apurações já realizadas.
Com um foco na transparência e na responsabilidade fiscal, a CPI do INSS sob a relatoria de Alfredo Gaspar promete lançar luz sobre questões que envolvem os direitos dos aposentados e pensionistas, em meio a um ambiente político conturbado e polarizado. A expectativa é que essa comissão possa contribuir para restaurar a confiança nas instituições e na gestão pública.