O setor siderúrgico brasileiro vive atualmente uma profunda crise impulsionada por tensões comerciais externas, tarifas impostas pelos Estados Unidos e uma enxurrada de importações. Enquanto líderes da indústria se reúnem em uma das maiores conferências do ano em São Paulo, o momento é marcado por dificuldades econômicas e desafios estratégicos.
Desafios do setor siderúrgico diante de tarifas e importações
Dados da associação dos distribuidores de aços planos indicam que as margens de lucro das siderúrgicas brasileiras praticamente desapareceram, devido à necessidade de reduzir preços para competir com produtos importados. Segundo André Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau, o setor trabalha com uma capacidade ociosa de 35%, acima do ideal de 15% a 20%, o que compromete a viabilidade de operações adicionais.
Johannpeter destaca que a alta na importação de aço, atualmente recorde de 6,3 milhões de toneladas anuais, supera até o tamanho da própria Gerdau, uma das maiores empresas do setor. “Estamos chegando ao limite operacional, e qualquer aumento na ociosidade tornaria os negócios inviáveis”, alertou durante a conferência em São Paulo.
Tarifas americanas e suas consequências para o Brasil
As tensões entre Brasil e Estados Unidos se intensificaram após a imposição de tarifas de 50% pelo presidente Donald Trump sobre determinados produtos brasileiros, impactando diretamente o setor siderúrgico. Essas tarifas estão reguladas pela Seção 232 da Lei de Expansão Comercial dos EUA, que permite a restrição de importações por motivos de segurança nacional.
O presidente do conselho da Gerdau também comentou que o Brasil mantém uma postura conciliadora, garantindo que empresários americanos serão bem recebidos pelo governo brasileiro. “Não há ressentimentos, faremos o possível para fortalecer nossa relação comercial”, afirmou Durigan, representante do setor empresarial.
Políticas públicas e esforços conjuntos
Na esfera governamental, há esforços para articular uma união conjunta na Câmara e no Senado para evitar a desidratação de projetos de benefícios fiscais, essenciais para o setor. Segundo fontes próximas, a revisão desses benefícios deve contar com apoio de diferentes espectros políticos devido à sua importância para o desenvolvimento industrial.
Além disso, o governo busca evitar que a crise provoque uma maior perda de competitividade do setor. Uma das ações recentes foi a tentativa de criar um ambiente mais favorável à competitividade, como a discussão sobre a revisão de incentivos fiscais e medidas de proteção comercial.
Impacto econômico e perspectivas futuras
O cenário atual leva o setor a uma situação delicada, com a necessidade de buscar soluções estratégicas para manter a sustentabilidade. Especialistas apontam que, sem controle das importações e ajustes nas políticas tarifárias, a recuperação econômica do setor pode ser comprometida. A alta capacidade ociosa e a redução de preços prejudicam a rentabilidade das empresas e podem afetar empregos.
As próximas semanas serão decisivas para a definição de ações governamentais e de mercado. A expectativa é que o setor receba ajustes na política de tarifas e benefícios fiscais, buscando equilibrar competitividade e proteção às indústrias nacionais.