Em um novo desdobramento da situação política brasileira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, enviou um ofício ao governo do Distrito Federal nesta terça-feira (26), informando a decisão de implementar um monitoramento em tempo integral do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida visa garantir o cumprimento das medidas cautelares impostas ao réu, que se encontra em prisão domiciliar desde o último dia 4 de agosto.
Monitoramento sob a coordenação da Polícia Penal
No ofício, encaminhado ao secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, o ministro Moraes destacou que o monitoramento deverá ser realizado pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seape), a qual é responsável pela atuação da Polícia Penal na região. A decisão classificada como “urgente” implica que uma equipe de policiais penais deve ser designada para o condomínio onde Bolsonaro reside, em Brasília. O ex-presidente está sob vigilância em tempo real em sua residência no Condomínio Solar de Brasília, localizado no Jardim Botânico, uma área de alto padrão.
“Determino à Polícia Penal do Distrito Federal que proceda ao monitoramento em tempo integral das medidas cautelares impostas a Jair Messias Bolsonaro, com destacamento de equipes para monitoramento em tempo real do endereço residencial do réu, onde cumpre prisão domiciliar”, consta na decisão de Moraes.
Restrições e diretrizes para o monitoramento
Ao ordenar o monitoramento, Moraes também enfatizou a necessidade de se evitar a exposição indevida do ex-presidente, abstendo-se de qualquer comportamento inconveniente que possa perturbar os vizinhos ou gerar indiscrições midiáticas. Além disso, o ministro deixou a critério da Polícia Penal determinar o uso de uniformes e armamentos pelos policiais responsáveis pela vigilância.
A residência de Bolsonaro, que ocupa uma mansão alugada, está a aproximadamente 20 minutos do Congresso Nacional, um dos centros vitais da política brasileira. Levantamentos realizados anteriormente indicam que o valor do aluguel de propriedades nessa região pode alcançar até R$ 90 mil mensais.
Contexto da prisão domiciliar e possíveis riscos
A decisão de Moraes sobre o monitoramento ocorre em um contexto tenso, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu em um processo por tentativa de golpe de Estado, especificamente após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Vale ressaltar que, embora o julgamento deste caso esteja agendado para a próxima semana, em 2 de setembro, a prisão domiciliar de Bolsonaro foi determinada em um inquérito diferente, que investiga coações às autoridades ligadas ao processo do golpe.
A preocupação com um possível risco de fuga foi citada pelo próprio Moraes, em função da atuação do filho de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos buscando apoio de autoridades para influenciar o cenário político brasileiro. Eduardo tem declarado que está negociando em prol do pai, o que aumenta a apreensão em relação ao cumprimento das restrições impostas a Jair Bolsonaro.
PGR apoia monitoramento contínuo
Na segunda-feira anterior à decisão de Moraes, a Procuradoria Geral da República (PGR) já havia se manifestado em favor do monitoramento integral de Bolsonaro, explicitando a preocupação com os riscos associados à sua liberdade. Essa colaboração entre as esferas do Judiciário e do sistema de segurança destaca a seriedade da situação do ex-presidente e as implicações legais que ele enfrenta.
Os desdobramentos e o julgamento à vista
À medida que o julgamento se aproxima, a tensão política no Brasil aumenta. O ex-presidente tem buscado apoio não apenas no território nacional, mas também internacionalmente, o que levanta questões sobre a integridade do processo judicial em curso. A previsão das sessões extraordinárias para o julgamento provavelmente trará mais repercussões, tanto no cenário jurídico quanto nas esferas sociais e políticas, envolvendo a população em um debate intenso sobre os limites da política e da justiça no país.
Conforme as datas se aproximam e as decisões são tomadas, a atenção da mídia e da sociedade civil se volta intensamente para o ex-presidente e os desdobramentos de sua situação legal. As próximas semanas prometem ser decisivas para o futuro de Jair Bolsonaro e suas interações políticas, tanto no Brasil quanto no exterior. O país aguarda com expectativa o início do julgamento em setembro, na expectativa de que esse evento possa esclarecer algumas das questões mais controversas do nosso atual ambiente político.
Para mais informações e atualizações sobre este e outros temas relevantes para a sociedade brasileira, acompanhe nossa cobertura no g1 DF.