Com a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, espera-se que grande parte desses alimentos fique no mercado nacional, aumentando a oferta de manga e uva e levando à redução de preços nas feiras e supermercados.
Impacto na manga e uva diante do tarifaço
A manga, que apresentou altas de até 5,62% em julho, registrou a maior queda no índice de agosto, com uma redução de 20,99%. Segundo o economista do FGV Ibre, Matheus Dias, o histórico do mês indica que essa época costuma consolidar quedas de preços devido à maior disponibilidade de oferta, mas o tarifaço veio para reforçar esse movimento.
“O efeito do tarifão sustentou as quedas internas, que foram mais expressivas do que no mesmo período do ano passado, quando a redução não passou de 10%. Este ano, a queda chegou a 20%”, explicou Dias. Ele acredita que o impacto deve ser avaliado com cautela, já que o período de vigência da tarifa ainda é curto para conclusões definitivas.
Queda na uva e cenário de oferta elevada
A uva também sofreu com a desaceleração nos preços, que já vinham caindo em junho (-1,88%) e julho (-4,28%). Em agosto, a redução foi ainda mais significativa, de 6,61%. Essa tendência ocorre em um momento de safra abundante e de maior entrada de uvas no mercado de exportação, o que aumenta a oferta e pressiona os preços para baixo.
De acordo com Matheus Dias, o aumento na oferta de uva coincide com o período de safra e exportações em alta, o que explica a intensificação das quedas de preços. No entanto, outros especialistas, como André Valério, economista sênior do Banco Inter, afirmam que ainda não é possível afirmar que as tarifas sejam a principal causa dessa redução.
“Estamos observando a normalidade na exportação de manga e uva, que estão em um ritmo esperado. Portanto, é difícil associar diretamente as quedas de preço ao tarifão”, afirmou Valério.
Perspectivas e análises do mercado
Embora alguns economistas vejam relação entre a tarifa e a queda de preços, especialistas indicam que outros fatores, como a sazonalidade e a oferta abundante, também influenciam o cenário. O impacto do tarifão ainda será avaliado nos próximos meses, à medida que o mercado se ajusta às novas condições comerciais.
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