A congressista republicana Marjorie Taylor Greene voltou a gerar controvérsia nesta semana após comentários considerados racistas por críticos. Greene, que é branca, questionou a autenticidade da experiência de vida da deputada negra Jasmine Crockett, do Texas, e fez comentários sobre o “luto” dos afro-americanos, levando a uma forte repercussão nas redes sociais e no cenário político.
Greene questiona a autenticidade da experiência de Crockett
Durante uma entrevista no podcast de Megyn Kelly, Greene atacou Crockett ao sugerir que ela finge entender a luta racial dos negros nos Estados Unidos. A congressista acusou a colega de “fazer uma imagem” e de não passar de uma “farsa”, apontando sua educação em escolas particulares como evidência de falsidade.
“Ela diz que entende a luta negra, mas vamos ser honestos: ela foi para escola privada, fez faculdade e direito — é uma completa falsa”, afirmou Greene. Além disso, Greene afirmou que Crockett é uma “fraude”, e que sua presença no Congresso serve apenas para mascarar uma suposta inautenticidade.
Reação de Crockett e especialistas interpretam as declarações
Crockett respondeu às declarações de Greene na plataforma X (antigo Twitter), embora sem nomear explicitamente a oponente. Especialistas em justiça racial enfatizam que tais comentários representam uma forma de macroagressão, pois atacam não só a credibilidade, mas também a dignidade de uma mulher negra que ocupa cargo público.
A advogada e ativista Portia Allen-Kyle destacou que os ataques de Greene evidenciam uma estratégia racista antiga, pois tentam minimizar a existência e os avanços de mulheres negras na política. “Quando Greene foca na aparência de Crockett, ela tenta diminuir sua inteligência e sua luta, reforçando um antigo discurso de desumanização.”
Opiniões sobre o impacto do discurso de Greene na sociedade
Deepak Sarma, professor de estudos religiosos e cultura na Case Western Reserve University, afirmou que os comentários de Greene seguem uma estratégia típica do movimento MAGA de criar narrativas difamatórias contra líderes negros. “Isso faz parte de um padrão de gaslighting, uma forma de projetar suas próprias falhas nos outros”, explicou.
Ainda segundo Sarma, tais ataques contribuem para a normalização de um discurso racista, colocando em risco o avanço das questões de diversidade e inclusão na política americana. “Eles buscam esconder que o verdadeiro obstáculo para a igualdade é o racismo estrutural, que Greene e aliados tentam desconsiderar.”
Contexto mais amplo: racismo, educação e representatividade
Greene também atacou a formação escolar de Crockett, alegando que sua educação em escolas privadas a torna uma “falsa” representante, contrariando a narrativa de que a educação influência na autenticidade da luta negra.
Para especialistas e ativistas, essa linha de ataque reforça a desconexão da direita com a diversidade, além de revelar uma preocupação constante de setores conservadores com a perda de controle sobre histórias de sucesso de líderes negros, como Crockett.
Futuro da conversa e impacto político
O episódio reacende debates sobre o racismo institucional e o papel da linguagem na destruição da representatividade negra na política. Organizações de direitos civis, como o Color Of Change, destacam que ataques como os de Greene não são isolados, mas parte de uma tática mais ampla de deslegitimar a participação de negros no espaço público.
Especialistas indicam que a resistência de Crockett e a denúncia de ataques racistas ajudam a fortalecer o movimento contra o racismo estrutural e a promover maior conscientização sobre as estratégias de desumanização que permeiam o cenário político atual.
