Alvo de inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro por suspeita de fraude, o repasse de R$ 14 milhões feito em dezembro pelo Instituto de Previdência de Belford Roxo (Previde) está corroborando denúncias de favorecimento a políticos ligados ao ex-prefeito Waguinho, do partido Republicanos. Um levantamento feito pelo jornal O Globo, com base em documentos da prefeitura, revelou que ao menos 11 pessoas, incluindo candidatos às eleições de 2024 e parentes de figuras políticas, receberam um total de R$ 316 mil logo no final da gestão anterior.
Investigação e repasses suspeitos
Conforme revelado pelo O Globo, o inquérito conduzido pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) encontrou indícios de que funcionárias do Previde discutiram um esquema para receber uma comissão de 5% sobre os valores repassados. A polícia apontou que os repasses beneficiaram 539 indivíduos que não possuíam nenhum vínculo legítimo com o instituto, que é responsável pelo pagamento de salários de aposentados e pensionistas de Belford Roxo.
Políticos envolvidos nas fraudes
Entre os beneficiados pela suposta fraude estão figuras como Rogelson Sanches Fontoura, conhecido como Gelsinho Guerreiro, que foi ex-prefeito de Mesquita. No dia 4 de dezembro do ano passado, ele recebeu R$ 50 mil do Previde, dinheiro que também foi destinado à sua esposa, a ex-deputada Daniele Guerreiro, e aos filhos do casal, cada um recebendo a mesma quantia no mesmo dia. Apesar de acionado, Gelsinho ainda não se manifestou sobre o caso.
A relação dele com Waguinho é evidente; em suas redes sociais, Gelsinho expressou apoio ao ex-prefeito, enfatizando sua liderança e compromisso com a população. Em uma postagem, destacou que Waguinho era “um exemplo de líder” e elogiou sua gestão.
Alianças políticas e repasses
Outro beneficiado foi Alex Pagniez, candidato a vereador pelo PDT em Belford Roxo, que recebeu R$ 20 mil em um único pagamento em 23 de dezembro de 2022. Sua mãe, Adilea Pagniez, funcionária aposentada do município, também recebeu múltiplos pagamentos no mesmo mês, levando a atual administração a investigar um dos repasses, pois ocorreu no mesmo dia que o pagamento ao filho.
A atual gestão liderada por Márcio Canella (União) ajuizou uma ação de improbidade contra Waguinho, utilizando a lista de repasses como uma das evidências da fraude. Alex não respondeu aos questionamentos feitos sobre os repasses que recebeu.
Repercussões políticas e alianças
Raphael Simonin Matias, outro candidato a vereador em 2024 pelo Solidariedade, também foi favorecido com um pagamento de R$ 10 mil do Previde, apontado como suspeito no inquérito da polícia. Ele foi posteriormente nomeado secretário-executivo no gabinete de Canella, demonstrando a intersecção entre as gestões de Waguinho e a atual administração.
Simonin já havia sido parte da gestão de Waguinho, e suas redes sociais são repletas de postagens de apoio ao ex-prefeito. Em julho, após seu retorno à gestão pública, ele também fez questão de destacar seu compromisso político em publicações, sem que até o momento tenha se pronunciado sobre as suspeitas em relação aos repasses.
A defesa de Waguinho e o futuro do caso
Em resposta às acusações, Waguinho se declarou vítima de uma tentativa de deslegitimação por meio da judicialização de narrativas políticas. Ele argumenta que o inquérito não estabelece qualquer vínculo entre suas ações e os repasses do Previde.
No último dia 26, Waguinho foi visto ao lado de líderes políticos, parabenizando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suas escolhas que beneficiaram o estado do Rio, o que demonstra seu intento de permanecer relevante no cenário político. Apesar das adversidades, ele continua a buscar um espaço ao lado do presidente em meio ao tumultuado ambiente político do município.
Enquanto isso, a nova gestão de Canella continua a investigar as transações suspeitas, prometendo apurar quaisquer falhas que possam ter se originado da transição entre as administrações passadas e a atual. O futuro do caso ainda se desenha incerto, mas a busca por justiça e respostas permanece em pauta na Baixada Fluminense.