Nos últimos dias, uma série de eventos envolvendo potenciais candidatos da direita à presidência da República, especialmente Tarcísio de Freitas, além da divulgação da última pesquisa do PL para as eleições de 2026, gerou uma convulsão nos setores mais radicais do bolsonarismo. As movimentações e as reações em torno dessas candidaturas revelam as fragilidades e as tensões dentro do grupo bolsonarista à medida que as eleições se aproximam.
A preocupação com Tarcísio de Freitas
Aliados mais próximos de Jair Bolsonaro interpretaram o tom eleitoral adotado pelo governador de São Paulo como um sinal alarmante de um possível “desembarque” na defesa do ex-presidente. O fato de que os filhos de Bolsonaro, Eduardo e Flávio, não estarem incluídos na pesquisa encomendada pelo partido aumentou ainda mais essa percepção. A pesquisa da Genial/Quaest, divulgada na semana, incluiu outros nomes, deixando os filhos de Bolsonaro de fora, o que foi visto como um movimento estratégico.
Os filhos do ex-presidente e outros integrantes de sua equipe se manifestaram nas redes sociais e fizeram contatos diretos com os líderes do PL para expressar seu descontentamento com o que consideram um “movimento do sistema” que tenta favorecer Tarcísio. O descontentamento se intensificou, levando a declarações acaloradas sobre o futuro político do clã Bolsonaro.
Atsdo da ala bolsonarista em relação a Tarcísio
O ex-ministro da Secom, Fabio Wajngarten, expressou sua preocupação em postagens que destacavam a necessidade de manter o bolsonarismo unido. Ele afirmou que a atividade política isolada de figuras como Bolsonaro poderia tornar a eleição ainda mais desafiadora. O ex-ministro enfatizou que desconsiderar os colaboradores bolsonaristas em eventos significativos apenas aumentaria a divisão dentro do partido, colocando em perigo a candidatura de qualquer um deles em 2026.
O sentimento de desconfiança na direita é visível. As mensagens capturadas pela Polícia Federal no celular de Eduardo Bolsonaro revelam uma estratégia para tentar demover a candidatura de Tarcísio. Eduardo menciona a necessidade de “segurar” essa narrativa para garantir que seu pai permaneça relevante no debate político, mesmo com as diversas movimentações que visam a candidatura de Tarcísio se consolidar.
Pressão e dinâmica política no bolsonarismo
Um fator que amplifica a tensão é a percepção de que os recentes eventos eleitorais — onde Tarcísio foi tratado como candidato — representam uma ameaça direta à sobrevivência política do clã Bolsonaro. Os bolsonaristas mais próximos têm manifestado que o andamento acelerado do processo judicial que envolve a condenação de Bolsonaro pode ser parte de um plano mais amplo para forçar o ex-presidente a apoiar outras candidaturas e assim se distanciar da sua base de apoio.
A definição de uma candidatura por parte de Tarcísio é vista como uma manobra que poderia não apenas dividir o apoio popular, mas também desencadear uma luta interna que poderia prejudicar as ambições eleitorais de outros candidatos à presidência vinculados à direita. A mesma pressão está levando a especulações sobre a possibilidade de uma movimentação de Eduardo para buscar outra legenda, conforme as tensões aumentam.
Considerações finais sobre o cenário político
O jogo político é complexo, e a luta por espaço dentro da direita brasileira tem reflexos diretos nas estratégias eleitorais para 2026. O fato de que o governador Paulistano fez críticas más decisivas ao governo Lula e lançou propostas que soam como campanha demonstram a determinação de alguns setores em se distanciar das figuras mais tradicionais da política bolsonarista. Estes últimos se mostram cada vez mais inseguros sobre o futuro, considerando que a insistência na defesa de Bolsonaro não garantirá simplesmente uma posição forte na corrida eleitoral. Assim, a divisão que se processa dentro do bolsonarismo poderá definir não apenas os candidatos, mas também a nova face da direita brasileira nas próximas eleições.