No dia 26 de julho, um momento inusitado ocorreu em Santos, litoral de São Paulo, quando uma câmera de monitoramento capturou um homem em situação de rua entregando um cachorro da raça Spitz Alemão a um casal, após ter furtado o animal de um estacionamento. A Polícia Civil investiga o caso e já recuperou o cão, que estava a venda por R$ 100,00.
O furto do cachorro em Santos
O cachorro, chamado Nick, pertencente à comerciante Luara Silva do Nascimento, costumava ficar solto na área do estacionamento onde foi levado. Luara relatou que o homem em situação de rua aproveitou um momento de distração para furtá-lo. O crime aconteceu no bairro José Menino e foi um grande choque para a família, que considera Nick um membro integral do lar.
Imagens mostram que, após o furto, o suspeito se dirigiu a uma padaria no mesmo bairro, onde encontrou um casal que havia saído do estabelecimento. Segundo o boletim de ocorrência, o homem fez uma oferta de R$ 100 pelo cachorro. A negociação durou cerca de dois minutos, e em seguida o casal saiu com o cão em seu carro.
Recuperação do cachorro e investigações em Santa Catarina
Na quarta-feira, 20 de agosto, a Polícia Civil conseguiu localizar e recuperar Nick em Santa Catarina, onde o casal havia levado o animal. A investigação foi minuciosa, envolvendo análise de imagens e cruzamento de dados bancários e placas de veículos. O DEC também cumpriu um mandado de busca e apreensão em um dos endereços do casal, que possui laços em outros estados.
O advogado do casal entrou em contato com a polícia, oferecendo-se para apresentar os investigados e o cachorro na Delegacia de Investigação Criminal (DIC) em Joinville, Santa Catarina, que conta com uma unidade especializada em proteção animal.
As implicações legais do caso
O delegado Jorge Gonçalves Cruz, do 7º DP de Santos, afirmou que as investigações seguem para identificar o homem em situação de rua que furtou Nick. Ele ressaltou que, a depender das provas apresentadas, esse indivíduo pode ser indiciado por furto. A situação do casal é mais complexa, uma vez que eles alegaram não saber que estavam lidando com um animal furtado.
A defesa do casal trouxe à tona uma argumentação que poderá complicar a situação legal. O homem teria dito que se preocupou com a saúde do cachorro e se ofereceu para cuidar dele, prometendo que, caso o verdadeiro dono aparecesse, ele o devolveria.
Possíveis desfechos jurídicos
O delegado mencionou três possibilidades para o caso do casal. A recetação culposa, caso se prove que eles não tinham a intenção de cometer um crime; a receptação dolosa, se for demonstrado que eles sabiam que o animal era produto de furto; ou até mesmo um mal-entendido, onde poderiam ser considerados como inocentes que, na realidade, estavam tentando ajudar o cachorro.
Até o fechamento desta matéria, a defesa do casal não havia sido localizada para um posicionamento oficial.
O reencontro emocionante da família com Nick
Após dias de angústia, Luara e sua família puderam reencontrar Nick no Palácio da Polícia Civil, em Santos, na quinta-feira, 21 de agosto. O reencontro foi carregado de emoção, especialmente para o filho de 12 anos da comerciante, que se mostra bastante afetado pela ausência do cachorro, dada a sua condição de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Luara, emocionada, declarou: “Não é só um cachorro. Ele é um membro da família, como se fosse o nosso filho também. Eu fiquei muito emocionada, muito feliz. Não tenho palavras para agradecer todo o esforço do delegado e dos investigadores.”
Esse caso expõe não apenas a complexidade das situações envolvendo pessoas em situação de vulnerabilidade social, mas também o profundo vínculo que existe entre animais e suas famílias. Espera-se que, a partir desse relato, haja uma sensibilização ainda maior sobre a importância da proteção animal e da assistência social.
