O cardeal bispo de Estocolmo, Anders Arborelius, está participando da Conferência Ecumênica “Vida e Trabalho” na capital sueca, destacando a urgência do diálogo para promover a reconciliação em um mundo marcado por divisões sociais e sectárias. O evento, que ocorre até o dia 24 de agosto, marca os 100 anos da primeira conferência que aconteceu em 1925, onde líderes cristãos se reuniram para reforçar a unidade e a paz após a devastação da Primeira Guerra Mundial.
A importância do diálogo ecumênico
Em entrevista à mídia do Vaticano, o cardeal Arborelius enfatizou que o cenário contemporâneo, repleto de conflitos e tensões, exige um esforço coletivo entre as diferentes confissões cristãs para edificar a paz. “É fundamental trabalhar ativamente pela paz, não apenas por meio da oração, mas também através da interação com autoridades e iniciativas de educação entre os fiéis”, afirmou Arborelius.
O primeiro encontro ecumênico de 1925, promovido pelo arcebispo luterano sueco Nathan Söderblom, cujo legado é celebrado até hoje, foi um marco na história cristã. Ele reuniu líderes de diversas denominações, embora a Igreja Católica não estivesse representada. Esta reuniões estabeleceram as bases para a colaboração entre cristãos, impulsionadas pela busca por um mundo mais pacífico e justo.
Construindo pontes entre comunidades
O cardeal também ressaltou a responsabilidade das Igrejas na construção de um ambiente de reconciliação. “As comunidades cristãs podem tornar-se pontos de referência internacional e mensagens de esperança, importantíssima para aqueles que enfrentam os horrores da guerra”, destacou. Ele citou especificamente a situação da Ucrânia, onde orações pela união entre os ortodoxos divididos enfatizam a necessidade de solidariedade e paz.
O papel das declarações conjuntas
Segundo Arborelius, as declarações e iniciativas conjuntas são cruciais para a prevenção e resolução de conflitos. Ele alertou que, embora todos rezem pela paz, muitas vezes elas não são ouvidas por aqueles que detêm o poder político. “Enfrentamos uma frustração dolorosa em relação à nossa capacidade de promover a paz, mas continuamos abrigando esperanças de que a ação divina nos guie nessa missão,” completou.
Tensões internas nas Igrejas
O bispo também abordou as divisões que surgem quando Igrejas tomam partido em conflitos. “Essas divisões internas criam dor dentro da Igreja. Por isso, encontros e diálogos são essenciais para que possamos unir forças em prol da reconciliação,” afirmou. A busca pela harmonia é vital, pois muitos fiéis anseiam por um clima de paz nas suas comunidades.
Instrumentalização da fé
O cardeal Arborelius expressou preocupação com a instrumentalização da religião para justificar atos de violência. “A voz do Santo Padre é fundamental. O Papa nos ensina a amar nossos inimigos, promovendo o diálogo e a compreensão mútua. Sua liderança é uma luz a nos guiar em tempos sombrios, especialmente durante guerras,” comentou.
O legado da Conferência de 1925
Comparando a Conferência de 1925 com a atual, o cardeal ressaltou a importância desse momento histórico no atual mundo de conflitos. “O evento de 2025 é uma luz de esperança. Temos a responsabilidade de proclamar e promover a paz em meio a uma realidade complexa e repleta de guerras,” afirmou.
Ao discutir a presença da Santa Sé na conferência deste ano, o cardeal explicou que a Igreja Católica precisou de tempo para se preparar para esse diálogo ecumênico, um processo que desabrochou após o Concílio Vaticano II. “Esse evento marcou o começo de uma nova era de ecumenismo, onde católicos e protestantes encontraram um caminho em comum, mesmo em meio às adversidades do passado,” concluiu.
A Conferência Ecumênica em Estocolmo é um passo significativo para o fortalecimento da unidade entre as comunidades cristãs, lembrando que a cooperação e o diálogo são essenciais para a promoção da paz e da reconciliação em um mundo tão dividido.
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