A base do governo Lula articula para que o deputado Pedro Campos (PSB-PE) seja indicado como relator da medida provisória (MP) do tarifaço, apresentada para responder às tarifas impostas pelos Estados Unidos. No entanto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinaliza que o perfil ideal seria de um parlamentar de centro, mais afastado do conflito político.
Indicação do relator da MP do tarifaço
O governo espera instalar uma comissão especial na Câmara na próxima semana para analisar a MP, que foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 13 de agosto e tem um prazo de 120 dias para tramitação. Uma das discussões é sobre quem ocupará a relatoria, uma posição que cobre o entendimento técnico e político do texto.
Perfil desejado para o relator
Embora Campos seja considerado próximo ao Executivo, Motta afirmou ao GLOBO que o mais importante é que o relator seja um deputado “equilibrado”. Segundo o presidente da Câmara, o perfil ideal não deve ser de um político de base ou oposição radical, mas alguém com perfil técnico e de centro.
De acordo com líderes partidários, a intenção é evitar que a relatoria se transforme em espaço de radicalização ou de palanque político, buscando uma tramitação que seja eficiente e sem conflitos internos. A expectativa é que a comissão especial comece a funcionar ainda na próxima semana, com o relator tendo papel crucial na condução do debate.
Contexto da MP e objetivos do governo
A medida provisória busca estabelecer um plano de socorro às empresas brasileiras afetadas pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. O objetivo do governo é proteger setores estratégicos, oferecendo linhas de crédito subsidiadas e compras governamentais para impulsionar exportadores, além de tentar equilibrar a relação comercial com Washington.
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, destacou que a tramitação rápida da MP é fundamental para responder às pressões externas e evitar prejuízos à economia brasileira. “Estamos defendendo os interesses nacionais e buscando uma resposta coordenada entre Legislativo e Executivo”, afirmou.
Reuniões e alinhamentos políticos
Antes do anúncio oficial, o presidente Lula participou de uma reunião reservada com Hugo Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), no Palácio da Alvorada, onde reforçou a importância de um alinhamento entre os poderes para uma resposta rápida às ações comerciais de Donald Trump.
O encontro também discutiu a pauta econômica mais ampla, incluindo a proposta de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, que foi aprovada na Câmara na última quarta-feira.
Fatores que influenciam a escolha do relator
A decisão final sobre quem será o relator da MP será baseada em três fatores principais: bom relacionamento com o governo, capacidade de negociação com a oposição e perfil técnico compatível com a responsabilidade de conduzir o texto. A preferência por um deputado de centro, sinalizada por Motta, busca garantir maior distanciamento do Planalto e evitar polarizações.
Analistas políticos avaliam que a escolha do relator será decisiva para assegurar uma tramitação eficiente e sem tumultos, diante de uma pauta sensível que envolve interesses de setores econômicos e comerciais do país.