O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou nesta sexta-feira (22) que uma redução na taxa de juros dos Estados Unidos pode ocorrer já em setembro, dependendo da evolução do mercado de trabalho e da inflação. As declarações foram feitas durante a conferência anual do Fed em Jackson Hole, no Wyoming, refletindo uma postura cautelosa frente aos riscos econômicos emergentes.
Perspectiva de corte de juros pelo Fed em setembro
Powell afirmou que “a estabilidade da taxa de desemprego e de outras medidas do mercado de trabalho nos permite proceder com cautela ao considerar mudanças na nossa postura de política”, indicando uma possível redução de 0,25 ponto percentual na reunião do dia 17 de setembro. Atualmente, a taxa de juros americana está entre 4,25% e 4,5%, operando em uma banda que reflete uma postura restritiva.
Riscos e cautela diante do mercado de trabalho
Segundo Powell, “com a política em território restritivo, o cenário-base e o equilíbrio em mudança dos riscos podem justificar um ajuste na nossa postura”. Ele destacou que o mercado de trabalho está em um “curioso equilíbrio”, resultado de uma desaceleração na oferta e demanda por trabalhadores, mas alertou que riscos de queda no emprego podem evoluir rapidamente.
“Se esses riscos se materializarem, podem levar a uma desaceleração mais acentuada e ao aumento do desemprego”, afirmou. Powell também destacou a desaceleração no crescimento de vagas de emprego em julho, reforçando a possibilidade de novas mudanças na política monetária.
Reação do mercado após as declarações de Powell
Após o discurso, investidores ajustaram suas apostas, elevando para 90% a probabilidade de corte de juros na reunião de setembro, segundo dados de mercado. Os títulos do Tesouro americano (Treasuries) tiveram queda nos rendimentos, e o índice S&P 500 ampliou seus ganhos.
No Brasil, o dólar chegou a cair 1%, cotado a R$ 5,42, enquanto o Ibovespa subiu cerca de 2%, refletindo a esperança de uma política mais branda nos EUA.
Divisão dentro do Fed e riscos inflacionários
O discurso de Powell ocorre em um momento de divisão entre os diretores do Fed, alguns destacando a resiliência do mercado de trabalho, enquanto outros alertam para sinais de fraqueza que podem evoluir para uma desaceleração mais profunda. Powell reforçou que, embora os efeitos das tarifas impostas pelo governo Trump sejam “claramente visíveis”, elas devem ter impacto transitório sobre a inflação.
Ele também destacou que pressões inflacionárias persistentes relacionadas às tarifas podem criar riscos de uma inflação mais duradoura, o que exige atenção e equilíbrio na condução da política monetária. “Nosso duplo mandato exige que buscamos equilibrar essas forças”, reforçou.
Importância do juro americano globalmente
A taxa de juros nos EUA é um importante balizador do cenário financeiro mundial. Quando mais alta, ela atrai capitais globais, tornando-se um parâmetro para juros em diversos países. Títulos do Tesouro, considerados seguros, aumentam sua atratividade nesse cenário, influenciando mercados emergentes como o Brasil.
Além disso, o cenário de recuperação pode ser afetado por fatores externos, como pressões comerciais e tarifárias, que, segundo Powell, ainda representam um risco de inflação prolongada, mesmo com sinais iniciais de desaceleração no Mercado de trabalho.
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