O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está no centro de uma polêmica articulação que busca garantir a permanência de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no cargo. Eduardo, que está atualmente nos Estados Unidos, corre o risco de perder seu mandato devido a uma licença não remunerada que já expirou. A proposta, já protocolada na Câmara dos Deputados, pretende modificar o regimento interno da Casa para permitir uma prorrogação do afastamento.
Os detalhes da articulação
A ideia de modificar a legislação foi revelada em mensagens eletrônicas trocadas entre Jair Bolsonaro e outras figuras do seu círculo próximo, incluindo o assesor Carlos Eduardo Guimarães e o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ). Esses diálogos, que foram recuperados pela Polícia Federal (PF), foram incluídos em um relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), evidenciando a busca do ex-presidente por mecanismos que mantenham Eduardo em seu cargo.
Eduardo Bolsonaro formalizou seu pedido de licença não remunerada em março deste ano, solicitando um afastamento de quatro meses, que expirou no final de julho. Após esse período, ele retornou ao exercício do mandato, mas sua ausência na Câmara deixou espaço para possíveis sanções por faltas.
As alternativas propostas
Consciente da situação complicada que seu filho enfrenta, Jair Bolsonaro conversou com Guimarães e propôs um projeto para prorrogar a licença. Essa proposta foi protocolada na Câmara, mas ainda não foi analisada. Na tentativa de explorar todas as alternativas, o ex-presidente também considerou a possibilidade de Eduardo assumir um cargo no governo de São Paulo, liderado pelo governador Tarcísio de Freitas, o que poderia justificar uma nova licença.
No início de junho, Borisnaro enviou mensagens sobre a possibilidade de Eduardo ser autorizado a permanecer nos Estados Unidos sem perder seu mandato, sugerindo que outros integrantes de sua equipe investigassem essa possibilidade.
Troca de mensagens e estratégia
As conversas entre Jair Bolsonaro e seus assistentes mostram uma intensa movimentação em busca de soluções que mantenham Eduardo fora da mira de uma possível cassação. “Corre atrás”, disse Bolsonaro em uma mensagem, indicando que havia interesse em explorar todas as possibilidades legais para garantir a continuidade de seu filho no cargo.
As comunicações frequentes entre o ex-presidente e seu filho, além da troca de informações sobre o regimento interno da Câmara, ressaltam a preocupação de Jair em ajustar a legislação para que Eduardo pudesse ter uma nova chance. “Quero preparar aqui, botar uma vírgula, para poder ser prorrogado por mais um período”, ele disse, confirmando suas intenções de alterar as regras existentes.
Impacto e repercussão
A articulação de Jair Bolsonaro levanta questões sobre a ética da influência que ex-presidentes podem exercer sobre o legislativo e os limites das articulações políticas em nome de familiares. A proposta de mudança no regimento da Câmara ainda aguarda uma decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que possa ser discutida.
A situação de Eduardo Bolsonaro destaca a fragilidade da continuidade do mandato, uma vez que ele, por ora, está sujeito a punições por faltas, já que não se apresentou nas sessões da Câmara. A presença constante de Jair na vida política do filho reflete a estratégia de manter a família Bolsonaro relevante no cenário político nacional, mesmo após sua presidência.
À medida que essa situação se desenrola, a atenção da mídia e do público se volta para as repercussões legais e políticas dessa articulação, além de questões mais amplas relacionadas à atuação de parlamentares e as implicações de mudanças nas normas que regem o funcionamento da Câmara dos Deputados.
As próximas semanas serão cruciais para determinar o futuro de Eduardo e o impacto que essa situação terá na influência de Jair Bolsonaro na política brasileira.