Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) analisados pela Polícia Federal revelam que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, recebeu R$ 4,1 milhões entre setembro de 2023 e junho de 2024. A investigação, que culminou no indiciamento de ambos por coação no curso do processo e abolição violenta ao Estado Democrático de Direito, intensifica o escrutínio sobre a família Bolsonaro e suas movimentações financeiras.
Movimentações financeiras analisadas
Conforme os documentos do Coaf, Eduardo transferiu R$ 4,14 milhões nesse mesmo período. Apesar de não ser possível acumular os valores, em um recorte diferente, o deputado também recebeu R$ 1,08 milhão em créditos e R$ 1,5 milhão em débitos entre março de 2023 e fevereiro de 2024. Essas informações fazem parte de uma série de relatórios que tem gerado apreensão em relação à transparência das contas dos membros da família Bolsonaro.
Além de Eduardo, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, um dos irmãos do deputado, viu sua conta sendo investigada e registrou um total de R$ 4,8 milhões recebidos entre setembro de 2023 e agosto de 2024, além de R$ 4,9 milhões em transferências.
Informações do Coaf e seu impacto
Os dados coletados pelo Coaf ajudam a formar uma imagem clara das movimentações financeiras da família. De acordo com os relatórios, o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu R$ 30 milhões em um ano, um fato que também chamou a atenção das autoridades.
Movimentações financeiras de Bolsonaro | Crédito (em R$ milhões) | Débito (em R$ milhões) |
01/03/2023 a 07/02/2024 | 30,57 | 30,59 |
08/02/2024 a 26/08/2024 | 17,3 | 13,4 |
27/08/2024 a 19/12/2024 | 0,872 | 1,26 |
20/12/2024 a 05/06/2025 | 11,1 | 11,1 |
Total | 44,28 | 44,3 |
A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também está sob a lente das investigações. Ela recebeu R$ 2,9 milhões e transferiu R$ 3,4 milhões entre setembro de 2023 e agosto de 2024. Essas movimentações contribuem para um cenário nebuloso que levanta questionamentos sobre a origem e o destino dos recursos financeiros da família.
Indiciamento e a pressão sobre o STF
No último dia 21, as evidências apresentadas pela Polícia Federal levaram ao indiciamento de Bolsonaro e Eduardo por coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Segundo as investigações, a atuação deles em atos de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) se deu em meio a julgamentos que envolvem tentativas de golpe de Estado. Tal contexto revela não apenas a gravidade das acusações, mas também a possível tentativa da família de intervir em processos judiciais para se proteger de acusações futuras.
Movimentação financeira de Eduardo Bolsonaro | Crédito (em R$ milhões) | Débito (em R$ milhões) |
01/09/2023 a 22/08/2024 | 1,36 | 1,38 |
23/08/2024 a 05/06/2025 | 2,79 | 2,76 |
Total | 4,16 | 4,14 |
Os Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) do Coaf não são, por si só, uma prova de irregularidade. Entretanto, eles fornecem uma base para que órgãos como a Polícia Federal e o Ministério Público Federal possam perseguir investigações mais profundas, revelando um panorama desafiador na política e na dinâmica financeira do país.
Com as estrondosas revelações e os desdobramentos dos indiciamentos, o futuro da família Bolsonaro está envolto em incertezas, enquanto a sociedade aguarda desfechos que podem impactar a política brasileira como um todo.