A disputa societária no Botafogo ganhou um novo capítulo com a manifestação da Eagle Football Holdings Bidco Limited, acionista controladora da SAF alvinegra. Em petição apresentada à 2ª Vara Empresarial da Comarca da Capital da Justiça do Rio nesta quinta-feira, a empresa pede a suspensão imediata dos efeitos de assembleias realizadas em 17 de julho, que teriam sido conduzidas de forma irregular por John Textor.
Irregularidades nas assembleias
Segundo a Eagle, o empresário atuou sem poderes para representar a companhia e aprovou medidas que poderiam diluir sua participação acionária e transferir ativos da SAF Botafogo para uma empresa em paraíso fiscal, controlada por ele próprio. A gestora sustenta que os atos colocam em risco o patrimônio do clube e ferem os interesses dos sócios.
“Os atos de 17 de julho são nulos, contra legem e, por isso, merecem ser urgentemente suspensos, sob pena de se permitir que novas ações irregulares e ilegais sejam praticadas em benefício do Sr. Textor, por ele próprio, em prejuízo dos sadios interesses da sociedade, na forma do art. 115 da Lei das S/A, como tudo se expôs na inicial desta cautelar”, diz trecho da petição.
Os objetivos questionáveis
A Eagle Football ressalta a gravidade da situação ao afirmar que o objetivo dessas operações ilícitas, não admitidas pelo direito, é esvaziar a companhia, transferir todos os seus ativos para uma empresa constituída pelo próprio Sr. Textor nas Ilhas Cayman, obter garantias dos ativos mais relevantes do clube e diluir a participação acionária da Eagle Bidco como resultado da conversão de um pretenso empréstimo (cuja existência não é sequer confirmada) em ações na SAF Botafogo.
Além disso, o documento também contesta a execução movida pela própria SAF Botafogo contra a Eagle, no valor de R$ 152,5 milhões, baseada em empréstimos que, de acordo com a acusação, foram negociados pelo próprio Textor nos dois lados da operação. Essa cobrança resultou no arresto liminar das ações da Eagle na SAF, já decidido pela 3ª Vara Empresarial.
Preservação do status quo
A Eagle pede que a ação seja remetida à mesma 3ª Vara, para evitar decisões conflitantes, e reforça que o objetivo é preservar o status quo da SAF Botafogo até que o conflito seja decidido em arbitragem. O grupo cita ainda o histórico recente de problemas de gestão de Textor no Lyon, da França, para sustentar que sua permanência à frente da operação representa risco.
A situação do Botafogo é um reflexo das tensões que podem surgir em um ambiente corporativo competitivo, especialmente no mundo do futebol, onde as decisões podem impactar negativamente tanto o desempenho esportivo quanto a saúde financeira. As alegações de má gestão e manipulação de ativos geram preocupações não apenas entre os acionistas, mas também entre os torcedores que temem pelo futuro do clube.
Com a expectativa de uma resposta judicial sobre a suspensão das assembleias, o desenrolar desse caso poderá ter implicações significativas para a estrutura de poder dentro da SAF e a confiança dos investidores na administração do Botafogo. O resultado desta disputa ainda está por vir, mas já se configura como um dos principais desafios que o clube enfrenta atualmente.
As partes envolvidas terão a oportunidade de apresentar suas argumentações em breve. O desenlace deste capítulo poderá definir não apenas o futuro da SAF Botafogo, mas também o caminho que o clube tomará em seu projeto de recuperação e crescimento.
Com a tensão crescente em torno da gestão do Botafogo, os torcedores e acionistas ficam atentos, torcendo para que a situação se resolva de uma forma que beneficie o clube e seus milhares de fãs. A transparência nas operações e decisões será crucial para restaurar a confiança e garantir um futuro sólido para a equipe.
