No santuário de Knock, Irlanda, as confissões são consideradas o coração do local, impulsionando uma esperança renovada durante o ano jubilar, como revela seu reitor, padre Richard Gibbons. Com mais de uma década à frente do local, ele destaca o forte movimento de penitências e acolhimento aos fiéis que procuram cura e consolação.
Confissões: a alma do santuário de Knock e seu papel de esperança
Segundo Gibbons, o santuário possui 16 padres dedicados ao atendimento diário de confissões, acolhendo milhares de visitantes, muitos deles hesitantes após anos afastados da prática religiosa. “Às vezes, as pessoas sentem que não são boas o suficiente para confessar ou visitar Lourdes ou Fátima, mas é justamente essa dificuldade que as trazem aqui, onde podem encontrar esperança”, afirma.
O padre enfatiza que o ato de abrir o coração na confissão é uma oportunidade de deixar a graça de Deus agir. “Elas se abrem, encontram acolhimento e se deixam transformar por essa experiência.”

Uma aparição singular que reúne fé, sofrimento e esperança
Na noite de 21 de agosto de 1879, 15 testemunhas na pequena vila de Knock, no condado de Mayo, viram uma aparição extraordinária diante da igreja de São João Evangelista: a Virgem Maria vestida de branco, com coroa, mãos e olhos voltados para o céu em oração.
Ao seu lado, estavam São José, de cabelos grisalhos e barba, e São João, vestido como bispo, segurando um livro aberto. Ao redor, um cordeiro sobre um altar diante de uma cruz, cercado por anjos. Apesar de chuva intensa, a aparição permaneceu por duas horas, enquanto várias pessoas, inclusive crianças de apenas 5 anos, rezavam o terço diante das figuras silenciosas, com o chão ao redor permanecendo seco.
“É a aparição mais única do mundo”, afirma Gibbons. “No centro, está a Eucaristia — o altar e o cordeiro.”
A simbologia da aparição e seu significado histórico
Diferentemente de outras revelações marianas, Maria permaneceu em silêncio em Knock. Historiadores sugerem que essa escolha reflete o contexto de caos cultural na Irlanda do século XIX, marcado por conflitos, fome e opressões sob domínio colonial. Para Gibbons, a mensagem veio em um momento de sofrimento intenso.
A Irlanda enfrentava a Grande Fome (1845-1849), que matou cerca de um milhão de pessoas e forçou a emigração de outro milhão. Em época de crise, a aparição trouxe uma mensagem de esperança e conexão com o divino, mesmo em tempos turbulentos.

Milagres e curas ao longo dos anos
Desde a primeira manifestação, relatos de milagres têm ligado-se ao santuário. A cura de Delia Gordon, uma menina surda de apenas 10 anos que teve os ouvidos desobstruídos com poeira da parede da igreja, é considerada uma das primeiras graças reconhecidas. Em 1989, Marion Carroll, que sofria de esclerose múltipla, foi curada após receber a bênção durante a adoração e, em 2019, essa cura foi oficialmente reconhecida após anos de investigação médica.
O santuário estima que, ao longo dos anos, mais de 600 milagres tenham sido documentados, fortalecendo a fé dos peregrinos que buscam esperança e cura.

Jubileu de esperança e convites a novos visitantes
Para o Ano Jubilar de 2025, os bispos irlandeses lançaram o “Passaporte do Peregrino”, incentivando visitas ao Santuário de Knock, a Croagh Patrick e a Lough Derg, com carimbos em um passaporte especial. Segundo Nicola Mitchell, diretora de planejamento pastoral, muitas pessoas chegam ao santuário por acaso, motivadas por esse incentivo, mesmo sem jamais imaginar visitar Knock.
“Estamos convidando quem nunca sonhou em vir aqui, dizendo que há um acolhimento caloroso para todos”, afirma Mitchell. Para ela, o ambiente do santuário transmite uma paz especial que cativa e transforma os visitantes.
Preparativos para 2029, o próximo grande jubileu
Knock já recebeu duas visitas papais, de João Paulo II em 1979 e de Francisco em 2018, que elevou o santuário a status internacional. Com o 150º aniversário da aparição se aproximando em 2029, os organizadores já se preparam para o evento, com a esperança de uma visita do Papa Leo XIV, assim como ocorreu em 2029 no centenário.
Gibbons afirma que o ano de 2029 será muito especial e que o desejo é que o Papa Leo XIV possa marcar essa data com uma visita, reforçando ainda mais a mensagem de fé e esperança de Knock.