A Polícia Federal (PF) indiciou, nesta quarta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo e abolição violenta ao Estado Democrático de Direito. O indiciamento surge em meio a um inquérito que investiga a articulação de sanções do governo dos Estados Unidos contra o Brasil, com base em um relatório que revela trocas de mensagens entre os políticos e seus aliados, indicativas de ações impensáveis para um país democrático.
O conteúdo das conversas e a briga familiar
No relatório da PF, as mensagens reveladas incluem diálogos ofensivos e xingamentos, demonstrando um nível de tensão entre os membros da família Bolsonaro. Em uma das conversas, Eduardo, em um momento de descontentamento, chegou a ofender o pai, reclamando do apoio de Jair ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Durante uma entrevista ao portal Poder360, Jair respondeu às críticas do filho, chamando-o de “imaturo”, o que provocou ainda mais revolta em Eduardo. Nas mensagens, ele expressou sua frustração e direcionou ofensas ao ex-presidente, afirmando que “quem vai se fuder é você e vai decretar o resto da minha vida nesta porra aqui. Tenha responsabilidade!
A relação entre pai e filho parece estar se deteriorando, com Eduardo se mostrando frustrado por se sentir abandonado politicamente. “Se o imaturo do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui…”, continuou, acrescentando que Jair estava prejudicando sua posição e oportunidades no exterior. A natureza das ofensas e a brutalidade da troca de mensagens foram notáveis, revelando um embate que vai além das questões políticas e adentra o campo pessoal.
O papel do pastor Silas Malafaia
O relatório também destaca a atuação de um dos principais aliados de Jair Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia. Embora não tenha sido indiciado, a PF ressalta que Malafaia tem contribuído de forma consciente para a disseminação de narrativas inverídicas e coação a membros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em mensagens trocadas em julho, Malafaia criticou as posturas de Eduardo e defendeu que o outro filho de Bolsonaro, Flávio, tinha a abordagem mais adequada para lidar com as questões políticas atuais.
O pastor não hesitou em atacar a inexperiência de Eduardo, chamando-o de “babaca” e “estúpido de marca maior”, afirmando que o filho ex-presidente estava prejudicando a imagem do pai em um momento delicado. Ele também alertou sobre a necessidade de Jair manter o controle da situação e não deixar seus filhos agirem de forma irresponsável.
A investigação da PF e suas implicações
Jair e Eduardo Bolsonaro foram indiciados pela PF sob a suspeita de articularem sanções do governo de Donald Trump contra ministros do STF em meio ao julgamento de Jair por envolvimento em atos golpistas. A investigação, aberta em maio pelo STF a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), apontou indícios de crimes como obstrução de Justiça e tentativa de abolição do Estado democrático de direito. A PGR, a partir do indiciamento, analisará se há elementos suficientes para levar o caso à Justiça. As penas para os crimes em questão podem chegar a 12 anos de prisão.
Eduardo, que atualmente reside nos Estados Unidos, tem procurado articular apoio junto ao governo norte-americano, alegando que a perseguição a seu pai é política. Desde a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros, o cenário se torna ainda mais tenso, especialmente com a inclusão de sanções contra ministros da corte, como o indicado de Moraes, sob a lei Magnitsky.
Este indiciamento e as polêmicas desencadeadas evidenciam uma divisão não só política, mas também familiar, lançando uma sombra sobre o futuro político da família Bolsonaro e suas relações internas. À medida que as investigações avançam, o Brasil aguarda as consequências dessas interações explosivas e a forma como elas impactarão os próximos passos dos protagonistas dessa narrativa tumultuosa.