O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou nesta semana que as negociações com a China sobre tarifas de importação podem incluir discussões sobre Jimmy Lai, ativista e fundador do jornal Apple Daily, de Hong Kong. Em entrevista à Fox News, Trump afirmou que “o nome dele já entrou no círculo de coisas sobre as quais estamos conversando” e que “vamos ver o que podemos fazer”.
Implicações no cenário das negociações comerciais
Segundo fontes próximas às tratativas, as autoridades americanas consideram a liberdade de Lai um assunto relevante na relação bilateral com Pequim. Uma das condições apontadas pela China para avançar nas negociações é a liberação de exportação de chips americanos, uma pauta que também faz parte das conversas entre os dois países. A China quer a liberação de exportação de chips na mesa de negociações.
Donald Trump comentou ainda que Lai “não era um cara jovem” e que faria o possível para apoiá-lo. Em maio, o presidente americano já tinha mencionado o caso do ativista como parte das negociações com a China.
Quem é Jimmy Lai e o contexto de sua prisão
Jimmy Lai, de 77 anos, foi fundador do jornal Apple Daily, que foi fechado em 2021 após uma operação policial que resultou na invasão de sua redação e no congelamento de ativos. Lai é um dos principais ativistas de Hong Kong que defendem a democracia e os direitos humanos, especialmente após a intensificação da repressão de Pequim a movimentos de oposição desde 2019.
Ele está preso desde dezembro de 2020, sob a acusação de conluio com forças estrangeiras e conspiração para incitar sanções internacionais contra Hong Kong e a China. Lai nega todas as acusações, que se apoiam em uma antiga lei de sedição herdada do período colonial britânico. Atualmente, seu julgamento está na fase final, e uma condenação pode resultar em prisão perpétua.
Reações internacionais e o risco de interferência política
O caso de Lai tem atraído atenção de governos ocidentais. A União Europeia e o Reino Unido pediram a libertação do ativista, enquanto Pequim reforça que seu sistema judicial é independente. O governo de Hong Kong afirmou que qualquer interferência estrangeira em processos judiciais é um “ato repreensível” que prejudica o Estado de Direito, e que o sistema judicial local é autônomo.
O julgamento é considerado por analistas como uma questão de prioridade para os EUA, que enxergam na repressão de Lai uma estratégia de-China para consolidar sua autoridade na região. A administração americana mantém sua postura de defesa dos direitos civis em Hong Kong, embora reconheça os desafios políticos enfrentados pelo território.
Próximos passos e impacto das negociações
Apesar das declarações de Trump, o governo de Hong Kong reforçou que seu sistema judicial é independente e que não há influência externa nos processos judiciais. Ainda assim, o caso de Lai é visto como uma peça importante na estratégia geral dos EUA de pressionar a China em assuntos de direitos humanos e política interna.
O julgamento final de Lai deve ocorrer nos próximos dias, com o risco de condenação à prisão perpétua, algo que pode complicar ainda mais as relações diplomáticas entre Washington e Pequim. Especialistas afirmam que, mesmo com esse fator, o governo dos EUA deve manter o foco na agenda econômica e de segurança, onde há maior interesse na liberação do comércio de tecnologia de chips.
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