O recente relatório da Polícia Federal (PF) trouxe à tona um novo capítulo nas investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Ambos estão sendo indiciados por crimes de coação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Segundo o documento, o pastor Silas Malafaia desempenhou um papel significativo ao incitar Bolsonaro a desobedecer às restrições estabelecidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A atuação de Silas Malafaia
O envolvimento de Silas Malafaia é destacado pela PF como essencial para entender as ações de Jair Bolsonaro durante o período de restrições. O relatório enfatiza que Malafaia atuava “com adesão subjetiva ao intento criminoso”, lançando mensagens ao ex-presidente que o pressionavam a ignorar as proibições, especialmente em relação ao uso das redes sociais. O pastor chegou a exortar: “Você é a voz!”, num claro incentivo à desobediência das normas judiciais.
Malafaia não apenas incentivou Bolsonaro a agir, mas também pediu que o ex-presidente mobilizasse deputados para que postassem vídeos em apoio a ele. Em mensagens, ele dizia: “Presidente! Envie pelo zap os dois vídeos que te mandei sobre domingo. Motiva os deputados a postarem. Você é o líder!” O “domingo” mencionado se refere às manifestações ocorridas em 3 de agosto, das quais Bolsonaro participou virtualmente devido à proibição do STF.
As tentativas de desobediência a decisões judiciais
Além das pressões de Malafaia, o relatório da PF detalha que, em um esforço para contornar as limitações impostas pelo STF, Bolsonaro teria compartilhado conteúdos relacionados a atos de apoio a seu governo. Essa estratégia envolvia utilizar redes sociais de terceiros para disseminar suas mensagens, tentando driblar a ordem de não retransmissão de determinados conteúdos.
Os documentos apreendidos no celular do ex-presidente revelaram uma significativa quantidade de arquivos enviados em grupos de WhatsApp, com o objetivo de contornar as restrições judiciais. “Diante da grande quantidade de arquivos, a investigação pontuou os principais conteúdos compartilhados em 3/8/2025 pelo investigado Jair Bolsonaro, com o objetivo de utilizar redes sociais de terceiros, para burlar a ordem de proibição a retransmissão de conteúdos imposta pelo Justiça”, afirma o relatório.
Conteúdos compartilhados e a reação da PF
Os arquivos analisados pela PF indicam que Bolsonaro realizou mais de 300 envios de mensagens e vídeos. Entre os materiais compartilhados, estavam informações sobre as “consequências que podem arrasar a economia” devido às sanções aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes, bem como convocações para mobilização de seus apoiadores e mensagens de autoridades pedindo liberdade para o ex-presidente.
Essas revelações não apenas mostram a influência que Silas Malafaia exerceu sobre Bolsonaro, mas também evidenciam as estratégias que o ex-presidente empregou para desafiar a ordem do STF. A pressão crescente sobre ele e a evidência de uma articulação em grupo revelam um cenário que poderá ter implicações significativas para a continuidade das investigações.
O futuro das investigações
A Polícia Federal continua a investigar as ações de Bolsonaro e seu círculo de apoio, enquanto os desdobramentos dessa situação permanecem incertos. A oposição e a sociedade civil observam atentamente as implicações legais e políticas do envolvimento de figuras influentes como Silas Malafaia nesse contexto.
À medida que mais evidências são reveladas, a expectativa é de que a situação se desenvolva, trazendo à tona mais informações sobre a dinâmica entre Bolsonaro, Malafaia e outros aliados, assim como as consequências para a cena política brasileira. Com os olhos do país voltados para esses acontecimentos, o debate sobre a obediência às normas democráticas e o papel das autoridades judiciárias no Brasil está longe de se encerrar.
O envolvimento de Silas Malafaia e a resposta do ex-presidente Jair Bolsonaro às medidas cautelares destacadas pela PF colocam em evidência não apenas questões legais, mas também éticas que cercam a política brasileira contemporânea.