No dia 20 de setembro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro lançou uma nova ferramenta digital do Observatório do Feminicídio, coordenada pela Secretaria de Estado da Mulher. Esta plataforma foi desenvolvida com o objetivo de reunir informações de saúde, segurança e justiça para nortear políticas públicas de enfrentamento à violência contra meninas e mulheres. Infelizmente, os dados que emergem desse levantamento são alarmantes.
Um panorama alarmante da violência
Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), atualmente, 139 mulheres são vítimas de agressões diariamente no estado. Embora haja uma redução de 6% em relação ao ano passado, ainda temos uma média de 148 casos por dia. De um total de mais de 40 mil casos notificados em 2025, quase 31 mil tinham mulheres como vítimas diretas. A violência física permanece como a forma mais comum de agressão, sendo que o estupro se destaca como o tipo mais frequente de violência sexual.
A gravidade da reincidência
Outro dado alarmante revelado pelo levantamento é que aproximadamente 42% das vítimas já haviam sofrido agressões anteriormente, evidenciando um ciclo preocupante de repetição da violência. A secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar, destacou a importância da centralização dos dados, afirmando que agora é possível reunir informações de órgãos que denunciam, investigam, julgam e acolhem as vítimas em um único local. Essa integração ajudará a formular políticas mais eficazes e a evitar que as mulheres sejam silenciadas pela violência.
A importância da integração de informações
A secretária de Saúde, Claudia Mello, também ressaltou a relevância da nova plataforma para a agilidade nas ações. Segundo Mello, “a plataforma vai permitir ações mais rápidas e coordenadas, garantindo que as mulheres recebam proteção e apoio quando mais precisam.” Nesta perspectiva, é fundamental que o sistema de proteção social funcione de maneira integrada e eficaz.
Redução dos feminicídios e ações de proteção
Entre janeiro e julho de 2025, o Instituto de Segurança Pública (ISP) registrou 53 casos de feminicídio, resultando em uma redução de 12 casos em comparação ao mesmo período do ano anterior. No âmbito da Justiça, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) concedeu 23.440 medidas protetivas de urgência e realizou 3.032 prisões no primeiro semestre de 2025. Essas medidas demonstram um esforço do governo para proteger as mulheres em situação de risco.
Programas de apoio e serviços disponíveis
O Governo do Estado mantém programas como a Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida, que já realizou mais de 336 mil atendimentos, além do aplicativo Rede Mulher, que possibilita o acionamento da Polícia Militar em casos de emergência, enviando a localização da vítima em tempo real e solicitando medidas protetivas. As mulheres também podem buscar apoio psicológico, jurídico e social nos Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs e CIAMs), que no ano passado realizaram mais de 11 mil atendimentos. Além disso, há abrigos sigilosos disponíveis para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Onde pedir ajuda?
É vital que as mulheres que enfrentam situações de violência saibam onde buscar apoio. Os canais disponíveis são:
- 190 – para acionar a Polícia Militar em casos de emergência
- 180 – para acionar a Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência
- 100 – para denúncias de violação de Direitos Humanos
- Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) – para registrar boletins de ocorrência, solicitar medidas protetivas e pedir exames de corpo delito
- WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656-5008
- Unidades do Ministério Público – para se informar e pedir ajuda na solicitação de medidas protetivas
A situação da violência contra a mulher no Rio de Janeiro ainda é grave e requer atenção contínua e ações efetivas por parte do governo e da sociedade. O lançamento da plataforma do Observatório do Feminicídio é um passo importante, mas é fundamental que esses dados resultem em medidas práticas e efetivas que ajudem a combater e prevenir a violência de gênero.