Brasil, 21 de agosto de 2025
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Falta de Justiça em ataque a cristãos no Paquistão dois anos após violência brutal

Após o pior episódio de violência contra cristãos na história do Paquistão, comunidade denuncia impunidade e ameaça contínua de extremistas

Dois anos após um dos episódios mais sangrentos de violência contra cristãos na história do Paquistão, a comunidade cristã permanece sem justiça, enquanto autoridades e líderes religiosos criticam a falta de condenações e ações efetivas, segundo informações da fundação pontifícia Aid to the Church in Need (ACN).

A violência de agosto de 2023 e a ausência de responsabilização

Entre 16 e 20 de agosto de 2023, muçulmanos na aldeia de Jaranwala, na Diocese de Faisalabad, saquearam e incendiaram mais de 25 igrejas e pelo menos 80 casas de cristãos, após acusações de blasfêmia contra o Alcorão. Segundo a ACN, duas meses depois, dez pessoas acusadas de incendiar uma das igrejas foram absolvidas pelos tribunais locais. No total, mais de 5.200 indivíduos foram envolvidos na violência, com mais de 380 ainda presos, muitos sob fiança, mas nenhuma condenação definitiva foi emitida até o momento.

Condenação do bispo de Faisalabad e o sentimento de impotência

O bispo Indrias Rehmat alertou sobre o agravamento da situação, denunciando a negligência da polícia e a ausência de punições para os responsáveis. “A justiça não foi feita”, afirmou Rehmat à ACN, ressaltando que nenhuma das pessoas envolvidas foi punida e que a esperança de responsabilização parece distante.

Ele destacou ainda que os cristãos receberam ameaças físicas e sofreram assédio de extremistas locais, especialmente por defendem a busca por justiça. “Diante da omissão do sistema, as pessoas estão ficando mais agressivas e determinadas a lutar pelos seus direitos”, comentou o bispo.

Perseguição seletiva e o estado da comunidade cristã no Paquistão

Rehmat observou que, paradoxalmente, apenas cristãos acusados de blasfêmia foram condenados pelas ações de 2023, enquanto os acusados de blasfêmia contra o Alcorão, como os irmãos Rocky e Raja Masih, foram absolvidos. A comunidade cristã, que representa aproximadamente 1,6% dos 241 milhões de habitantes do país, enfrenta uma história longa de denúncias e processos por blasfêmia, que, desde 1987, envolveram mais de 1.800 pessoas.

Apesar da relativa pequena quantidade de fiéis — cerca de 4 milhões — a presença cristã no Paquistão permanece vulnerável, marcado por episódios de perseguição e negligência judicial, informa a Organização Human Rights Watch.

Perspectivas de esperança ou de mais impunidade?

Segundo a ACN, o sentimento entre os cristãos é de frustração e resistência. “Eles estão cansados, mas determinados a continuar clamando por justiça”, afirmou Rehmat. A comunidade espera que as autoridades tomem medidas concretas para punir os responsáveis e garantir a proteção dos cristãos no país.

Para aprofundar: mais detalhes sobre o caso.

Esta reportagem foi originalmente publicada pela ACI Prensa, parceira de notícias em espanhol da CNA, e adaptada por CNA.

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