Em um debate realizado ontem pelo GLOBO, os governadores Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, e Jerônimo Rodrigues, da Bahia, abordaram temas cruciais como a polarização política e a segurança pública no Brasil. Durante a série Diálogos, os líderes políticos concordaram em apontar a polarização como um fator que gera instabilidades sociais e econômicas. No entanto, divergiram nas responsabilidades sobre a recente tensão entre os governos brasileiro e americano.
A polarização política e suas consequências
No debate, Jerônimo Rodrigues atribuiu a polarização à postura do bolsonarismo e ao ex-presidente Donald Trump. Por outro lado, Castro enfatizou que tanto a direita quanto a esquerda estão prejudicando o Brasil, principalmente durante a condução do tarifaço. “Não podemos deixar que a política prejudique as pessoas, seja em benefício da esquerda ou da direita. É a polarização mostrando a sua pior face”, declarou o governador do Rio.
A crítica à polarização não impediu que ambos defendessem as candidaturas de suas lideranças partidárias para as eleições presidenciais de 2026. Jerônimo defendeu a reeleição de Lula, enquanto Castro argumentou a favor da possível candidatura de Bolsonaro, mesmo em meio a questões de inelegibilidade.
Segurança pública: um tema sensível
Os governadores também discutiram a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública, que visa fortalecer a atuação federal na segurança sem invadir as atribuições dos estados. Ambos expressaram preocupações com a efetividade das medidas propostas e sua potencial interferência nas polícias estaduais. Jerônimo apontou para o risco de os estados perderem autonomia, enquanto Castro destacou a necessidade de ações imediatas e efetivas no combate à criminalidade.
Os dados sobre letalidade policial e apreensões de armas foram mencionados para ilustrar a gravidade da situação. “Se um governador do PL e outro do PT lideram apreensões de armas e letalidade policial, isso mostra que o problema vai além de uma disputa entre partidos”, comentou Castro, sugerindo que a responsabilidade sobre a segurança pública é compartilhada entre todos os níveis de governo.
Visões distintas sobre anistia e autonomia do Judiciário
Durante o debate, surgiram divergências sobre a questão da anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e o papel do Supremo Tribunal Federal (STF). Castro defendeu uma diferenciação entre manifestantes pacíficos e os que promovem a violência, advogando por uma anistia para os primeiros. Em contrapartida, Jerônimo ressaltou a importância de respeitar as decisões judiciais e argumentou que a questão da punição deve ser tratada de forma judiciária.
A tensão entre Executivo e Judiciário foi evidenciada com Castro criticando o que considera um “excesso de protagonismo” do Judiciário nas decisões políticas. O governador da Bahia, por sua vez, defendeu a autonomia do Judiciário, enfatizando a necessidade de fortalecer as decisões jurídicas.
O que vem a seguir?
O debate trouxe à tona não apenas as diferenças de visão entre os governadores de partidos que, teoricamente, estão em lados opostos da polarização política, mas também a urgência de um diálogo construtivo sobre soluções para os problemas que afetam o Brasil. À medida que as eleições de 2026 se aproximam, a retórica política tende a intensificar-se, e os cidadãos aguardam que soluções efetivas para a polarização e a segurança pública sejam realmente implementadas.
Com um cenário político em constante mudança, as discussões em fóruns como a série Diálogos promovem um espaço necessário para o debate aberto e a construção de um futuro mais cooperativo no Brasil.