A Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo (Foresp) divulgou um guia com estratégias para que estabelecimentos do setor reduzam a dependência do iFood. A iniciativa busca diversificar as plataformas de delivery, estimulando os empresários a direcionar 70% dos pedidos para sistemas próprios e 30% para concorrentes como Rappi, 99Food e a chinesa Keeta, que deve iniciar operações no Brasil em novembro.
Estratégias para ampliar autonomia dos estabelecimentos
Segundo Edson Pinto, diretor-executivo da federação, o objetivo é fortalecer a autonomia dos restaurantes diante das altas taxas cobradas pelo iFood, que variam entre 18% e 32%. Ele destaca ainda a necessidade de os empresários considerarem alternativas que ofereçam condições comerciais mais vantajosas e menos dependentes de plataformas dominantes.
“Estamos estimulando os estabelecimentos a criarem seus próprios aplicativos ou migrarem para concorrentes como a Rappi e a 99Food. Também vamos avaliar a chegada da Keeta para entender qual será a melhor alternativa”, afirmou Pinto. A federação também critica o modelo adotado pelo iFood.
Controvérsia e embate entre federação e iFood
A relação entre a Foresp e o iFood vem se tensionando há meses. A entidade denuncia que a plataforma, além de cobrar taxas elevadas, mantém critérios de credenciamento que não obrigam os estabelecimentos a apresentarem alvará de funcionamento ou licença da Vigilância Sanitária. Para os empresários, essas condições afetam a competitividade, elevam preços ao consumidor e podem gerar riscos à saúde pública.
Pela nota do iFood ao Portal iG, a empresa afirma que “segue focada em oferecer uma experiência de qualidade a restaurantes, entregadores e consumidores, investindo no crescimento sustentável do ecossistema”. A companhia destaca sua trajetória de 15 anos no mercado brasileiro e a sua contribuição para o desenvolvimento do setor.
Expansão das concorrentes e crescimento do mercado
Enquanto a disputa interna se intensifica, outras plataformas anunciam expansão de suas operações. A Rappi anunciou isenção de taxas por três anos para novos e atuais parceiros, enquanto a 99Food voltou a atuar no mercado com credenciamento gratuito por dois anos. Além disso, a chinesa Keeta, controlada pela Meituan, deve iniciar atividades no Brasil até o fim do ano.
Segundo dados da Statista, o mercado de delivery no Brasil deve movimentar US$ 21,18 bilhões em 2025, chegando a US$ 27,81 bilhões em 2029. O iFood mantém sua liderança, com cerca de 55 milhões de usuários e maior participação no setor.
Impactos e perspectivas futuras
A iniciativa da Foresp reforça o movimento das empresas do setor por maior autonomia e melhores condições comerciais. Para o especialista em mercado de delivery, João Nascimento, a diversificação das plataformas pode estimular a competição e beneficiar tanto empresários quanto consumidores.
Com a chegada de novas opções e a possibilidade de criar aplicativos próprios, os restaurantes podem ganhar maior controle sobre suas operações, reduzindo custos e riscos. A ideia é fortalecer uma estrutura mais sustentável e competitiva para o crescimento do delivery no Brasil.