No cenário político atual, a preocupação do ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que investiga descontos indevidos nas aposentadorias do INSS se tornou um ponto de destaque. Em suas declarações recentes, o ministro ressaltou o risco de a CPI se transformar em um “palco de disputas de narrativas”, o que poderia prejudicar a busca pela verdade nos fatos investigados.
Derrota na instalação da CPI
As declarações de Queiroz ocorreram logo após o governo sofrer uma derrota significativa na instalação da CPI. O colegiado tem o potencial para desgastar ainda mais a imagem do governo, principalmente considerando os desafios políticos atuais que o Palácio do Planalto enfrenta. A base governista não conseguiu firmar um acordo com a liderança do Congresso para os postos-chave da CPI Mista, resultando na eleição de integrantes da oposição, como o senador Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) como relator.
Preocupações do ministro
Wolney Queiroz expressou sua preocupação desde o início da sua gestão, afirmando que ele sempre teve receio de que a CPI se tornasse um espaço de disputas políticas e narrativas, em detrimento da verdadeira apuração dos fatos. Em entrevista, o ministro enfatizou que essa preocupação é persistente, mas confia que os membros da comissão – tanto senadores quanto deputados – têm consciência da importância de abordar questões centrais que precisam ser esclarecidas.
“Não importa se foi no governo passado ou no nosso governo, tem que buscar os responsáveis levando em conta que no governo atual nós desbaratamos aquela gangue”, afirmou Queiroz, ressaltando a necessidade de responsabilização em qualquer administração.
Projeto de lei relacionado ao INSS
Além das questões em torno da CPI, Wolney Queiroz estava na Câmara dos Deputados para discutir um projeto de lei que regulamenta punições para descontos indevidos nas aposentadorias do INSS. A expectativa é que a aprovação desse projeto possa trazer mais segurança e transparência para os beneficiários do sistema previdenciário.
Pressão política e investigações
No âmbito da CPI, há uma pressão crescente, especialmente por parte de bolsonaristas, para investigar vínculos de um dos irmãos do presidente Lula, Frei Chico, com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das entidades mencionadas em um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre possíveis fraudes relacionadas ao INSS. Embora Frei Chico não esteja sendo investigado, a menção ao seu nome aumenta o clima de tensão à medida que as investigações avançam.
Questionado sobre a possibilidade de convocação do irmão do presidente, Wolney preferiu não especular: “Não tem como avaliar isso, fica a cargo dos membros da CPI”, disse. Ele afirmou que o governo está à disposição e não teme as investigações, destacando que o governo atual foi responsável por investigar e acionar a polícia em relação a fraudes.
Articulação política e futuro das investigações
O ministro também se absteve de criticar a articulação política do governo, apesar da derrota na instalação da CPI. Segundo ele, o governo não pretende tutelar a CPI, respeitando a soberania do parlamento na escolha de seus membros. “Pelo menos no que depender do Ministério da Previdência Social e do INSS, a minha orientação é que todos os dados sejam disponibilizados com boa vontade”, assegurou Queiroz.
As preocupações do ministro e o desenvolvimento da CPI do INSS são questões cruciais no contexto político brasileiro. O desenrolar dessas investigações terá um impacto significativo na imagem do governo Lula e na confiança dos cidadãos no sistema previdenciário.