De acordo com um novo relatório do Instituto Williams da UCLA, quase 3 milhões de americanos se identificam como transgênero, incluindo um em cada 30 adolescentes de 13 a 17 anos. No entanto, especialistas alertam que informações sobre essa comunidade podem se tornar inacessíveis devido às ações do governo federal e estados liderados pelo Partido Republicano que buscam limitar o reconhecimento e os direitos das pessoas trans.
Declínio na coleta de dados sobre pessoas trans nos EUA
Desde 2011, o Instituto Williams publica estudos sobre a população trans nos Estados Unidos, analisando fatores como raça, etnia, faixa etária, localização regional e saúde mental. Segundo o relatório de quarta-feira, pessoas trans representam 1% dos americanos com 13 anos ou mais e 3,3% dos adolescentes de 13 a 17 anos.
Para suas análises mais recentes, os pesquisadores utilizaram dados do Sistema de Vigilância de Risco de Comportamento do CDC (2021-2023) e da Pesquisa de Comportamento de Risco Juvenil. Contudo, essa coleta de dados está em risco, pois o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) resolveu não continuar coletando informações específicas sobre pessoas trans, em conformidade com uma ordem executiva do então presidente Donald Trump que reconhece apenas dois sexos biológicos.
Impactos políticos e sociais na proteção da comunidade trans
Desde a retomada do mandato de Trump em janeiro, informações relativas à saúde e recursos para a comunidade LGBTQ+ têm sido removidas ou alteradas dos sites federais. Além disso, o HHS passou a apoiar terapias exploratórias ou psicoterapia para tratar disforia de gênero, em contramão das recomendações de associações médicas como a American Medical Association e a American Academy of Pediatrics, que defendem o cuidado de afirmação de gênero como prática padrão.
Vários estados também buscam restringir o acesso a cuidados de afirmação de gênero, especialmente para menores. A decisão da Suprema Corte que ratificou uma proibição no Tennessee serviu como um forte golpe para a comunidade LGBTQ+ nos EUA, aprovando restrições similares em outros locais e dificultando ações judiciais contra essas medidas.
Incerteza sobre o futuro da pesquisa e reconhecimento de identidade
Os autores do relatório afirmam que, diante do cenário atual, é incerto se os jovens se sentirão confortáveis em responder sobre sua identidade de gênero nas pesquisas futuras. Eles destacam que “não está claro se a disposição de indivíduos de se revelarem trans continuará a existir nos próximos anos”.
Esse quadro levanta preocupações sobre a continuidade de dados confiáveis que possam orientar políticas públicas e ações de proteção à comunidade trans nos Estados Unidos.