A instalação da CPI do INSS marcou uma vitória significativa para a oposição no Brasil, ao colocar o comando nas mãos de parlamentares que já demonstram um perfil crítico em relação ao governo Lula e ao Supremo Tribunal Federal (STF). O senador Carlos Viana, do Podemos de Minas Gerais, foi eleito presidente da comissão, enquanto o deputado Alfredo Gaspar, da União de Alagoas, atuará como relator. Essa escolha deixou evidente a fragilidade da base governista no Senado, onde Viana derrotou o senador Omar Aziz (PSD-AM) por 17 votos a 13, sinalizando que uma investigação mais confrontacional poderá ser iniciada.
O papel de Carlos Viana na CPI do INSS
Nos últimos anos, Carlos Viana construiu um discurso forte contra o “ativismo judicial” e se posicionou em várias votações importantes de maneira contrária ao governo. Ele foi um dos senadores que assinou o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, numa ação que se alinha à estratégia de parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Viana também apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa proibir ministros de tribunais superiores de manifestarem opiniões políticas públicas, a fim de coibir o que considera excessos do STF, ao acusá-lo de agir com “vaidade” e acumular poder em demasia.
Posturas de Viana em relação ao governo
O cenário se complica ainda mais com o fato de que Viana já demonstrou sua posição em diversas votações que estiveram no centro do debate político. Ele foi um dos nove senadores que se opuseram ao decreto de intervenção federal na segurança do Distrito Federal, uma medida adotada por Lula em resposta aos tumultos de 8 de janeiro. Viana também votou contra novas regras de pagamento de emendas parlamentares que eram defendidas pela base governista, o que reforça uma postura de desafio em relação ao Planalto.
Alfredo Gaspar e suas críticas à gestão atual
Em seu papel como relator, Alfredo Gaspar traz em seu histórico um forte confronto com o governo em questões de relevância social. O deputado tem criticado abertamente cortes no Bolsa Família e responsabilizado a gestão petista pela inflação crescente no país, caracterizando o governo Lula como “irresponsável” e “contraditório com os mais pobres”. Gaspar se posicionou contra o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e também contra os aumentos nas tarifas de energia elétrica, sempre se colocando como um defensor da população menos favorecida.
Críticas ao STF e ao governo
Gaspar, assim como Viana, não hesita em criticar o STF, rotulando o poder de um único ministro como “autoritarismo” e pedindo limites àquilo que considera uma “ditadura da toga”. Sua posição é clara: ele acredita que o Executivo e o Judiciário devem ser contidos pelo Legislativo, um ponto de vista que pode gerar um embate institucional entre os poderes.
Um terreno fértil para conflitos
A combinação das posturas de Viana e Gaspar posiciona a CPI do INSS como um espaço propício para confrontos políticos. A comissão se propõe a investigar supostas irregularidades relacionadas a descontos em aposentadorias e pensões, um assunto que toca diretamente a vida de milhões de aposentados e beneficiários do INSS, e que possui um potencial significativo para desgastar ainda mais o governo Lula.
Com um cenário que se agrava a cada dia, a investigação da CPI será acompanhada com grande atenção, já que, sob a liderança de parlamentares que se colocam abertamente na oposição, ela ganhará contornos de um verdadeiro embate institucional. Este movimento pode acentuar ainda mais a tensão entre o Legislativo e o Executivo, desafiando a estabilidade política e econômica do Brasil.
À medida que os desdobramentos da CPI do INSS ocorrem, fica a expectativa sobre como o governo responderá a essas investigações e se será capaz de manter sua base sólida em meio a esse clima de confronto.