O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), reconheceu nesta quarta-feira (20) que o governo federal subestimou a estratégia da oposição em colocar um aliado na presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Essa afirmação, reveladora das tensões políticas atuais, traz à tona as complexidades da articulação parlamentar em momentos críticos.
Reconhecimento das falhas do governo
Ao falar com jornalistas, Farias apontou que houve uma falta de mobilização e atenção por parte da base governista no Congresso. “Houve uma subestimação. Poderia ter havido uma mobilização melhor, mais atenção. Houve um erro. Perdemos um jogo, mas não perdemos o campeonato”, declarou ele, refletindo sobre a crise que se desenrolou nas últimas semanas.
O parlamentar destacou que a oposição foi eficaz em sua articulação, obrigando a presença de suplentes aliados que votaram a favor do senador Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência da CPMI. “Nós tínhamos voto para a vitória do governo. Essas ‘zanzezes’ e essa substituição de suplentes do PL, e eu volto a dizer que tem que olhar isso no regimento, mas, na minha avaliação, isso não é correto”, criticou Farias. Ele também pontuou que, se um membro do governo falta, um suplente do próprio governo deveria ocupar a vaga. “Não faz sentido ser do PL”, concluiu.
A derrota do governo na CPMI
O governo passou por uma significativa derrota na escolha da presidência e da relatoria da CPMI. As indicações iniciais eram para o senador Omar Aziz (MDB-AM) como presidente e para Ricardo Ayres (Republicanos-TO) na relatoria. Entretanto, devido à articulação supervisionada pela oposição, eles conseguiram eleger Viana como presidente e Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator, mudando radicalmente o rumo das investigações sobre o INSS.
A CPMI é uma instância importante no Congresso, responsável por investigar irregularidades e fraudes. A tensão em torno de sua formação reflete a polarização política atual e as dificuldades enfrentadas pelo governo na manutenção da base aliada. A oposição parece ter se organizado de maneira eficaz, demonstrando que, apesar das dificuldades, eles continuam a ter uma voz ativa no legislativo.
Farra do INSS
- O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023.
- Três meses depois, o portal destacou que a arrecadação das entidades com os descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto essas associações enfrentavam milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
- As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e alimentaram as investigações da Controladoria-Geral da União (CGU).
Cabe ressaltar que a situação não se limita aos desdobramentos parlamentares, mas também envolve a confiança da sociedade nas instituições que lidam com seguridade social. A CPI do INSS deve servir como um importante termômetro da responsabilidade do governo e sua capacidade de responder às demandas e preocupações da população.
Por fim, a estratégia da oposição e os erros do governo na CPMI do INSS são um claro indicativo de que a política brasileira continua em constante transformação, e a habilidade de articulação no legislativo pode fazer toda a diferença, especialmente em tempos desafiadores.