Em um cenário de dificuldades na articulação política, integrantes da base do governo federal admitiram a incapacidade de eleger o comando da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, que foi instalada ontem no Congresso Nacional. O senador Omar Aziz (PSD-AM), favorito e apoiado pelo Planalto e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), foi derrotado por Carlos Viana (Podemos-MG), que se tornou presidente com 17 votos a 13, marcando um ponto crucial na dinâmica política atual.
A ausência de governistas e a ascensão dos suplentes do PL
O resultado da votação não apenas refletiu a falta de presença dos parlamentares governistas, mas também a ascensão de suplentes do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esses suplentes votaram em lugares de titulares da base, complicando a articulação governamental. A situação foi analisada pelo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), que observou que, apesar da derrota, a CPI não deve se tornar um palanque da oposição.
“Temos maioria da composição e esta CPI não vai ser palanque da oposição. Não contávamos com a ausência de alguns parlamentares, mas esta situação será contornada”, afirmou Rodrigues, enfatizando a necessidade de uma estratégia sólida para a continuidade das investigações.
Os ausentes e as consequências para o governo
A falta de articulação no processo de escolha do presidente da CPI ficou evidente com a lista de senadores e deputados que estavam ausentes. Figures como Renan Calheiros (MDB-AL) e Cid Gomes (PDT-CE), além de deputados importantes que não compareceram, mostraram-se críticos para o resultado que culminou na vitória da oposição.
O deputado Rogério Correia (PT-MG), suplente da comissão, discutiu os detalhes da dinâmica que favoreceram a oposição. Segundo ele, a ausência de dois membros da base permitiu que os suplentes do PL definissem o resultado da votação de forma significativa.
Estratégias para a CPI e diálogo com a oposição
Após a votação, os governistas se reuniram para traçar uma estratégia de atuação na CPI. Entre os presentes estavam Randolfe Rodrigues e os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Lindbergh Farias (RJ), que discutiram a possibilidade de indicar um vice-presidente da comissão como resposta política à derrota inicial.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) ressaltou a importância de trabalhar em conjunto, aceitando a derrota e buscando acordos na comissão. Ela destacou que a definição da pauta caberia ao presidente da CPI, Carlos Viana, que, apesar de ser da oposição, não adota uma postura radical.
Incidência de fraudes e foco nas gestões anteriores
A estratégia dos parlamentares governistas inclui a associação das possíveis fraudes a gestões anteriores, evitando embates diretos em questões sensíveis. O intuito é não convocar figuras importantes, como o ministro da Previdência, Carlos Lupi, e seu predecessor, Wolney Queiroz, para evitar crises maiores durante os trabalhos da comissão.
Com essa abordagem, a expectativa é garantir que a CPI funcione de maneira produtiva e que os governistas consigam manter sua influência na investigação, mesmo após a derrota inicial na eleição da presidência. A estratégia de dialogar e tentar manter um relacionamento positivo com a oposição será crucial para o sucesso da comissão e a execução de suas atividades nos próximos meses.
Os próximos encontros da CPI prometem ser intensos e mostrarão se os governistas conseguirão contornar a situação adversa e estabelecer um plano de ação que conduza a investigações substanciais sem se deixarem levar por disputas políticas internas.