O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou nesta quarta-feira que os Estados Unidos evitam dialogar com o Brasil sobre o aumento de tarifas, porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva valoriza a independência dos poderes no país. Amorim destacou que Lula não cederá às pressões, reafirmando a soberania nacional.
Sistema multilateral de comércio sob ameaça
Amorim criticou a decisão do governo americano de aplicar medidas protecionistas, alegando que o tarifaço de Donald Trump compromete a estrutura do comércio global. “A ação unilateral de aumentar tarifas decreta o fim do sistema multilateral de comércio”, afirmou durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
Impactos do tarifaço e relações com os EUA
Desde julho, as relações entre Brasil e EUA vêm se deteriorando após o presidente americano Donald Trump anunciar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, como café, carnes e calçados, condicionando negociações ao arquivamento de processos no Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. STF.
Segundo Amorim, o aumento de tarifas de Trump agrava a fragilidade do sistema de comércio internacional e impacta todo o mundo. “A adoção de medidas protecionistas pelos EUA prejudica não só o Brasil, mas a economia global”, reforçou.
O principal conselheiro externo do governo ressaltou ainda que, em resposta às críticas de quem acusa o governo brasileiro de falta de diálogo, o país tem buscado abrir canais de negociação sem sucesso. “Tentamos dialogar, inclusive, com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, cuja videoconferência foi cancelada sem justificativa”, lembrou Amorim.
Repercussões e contexto atual
O clima de tensão se acentuou desde julho, quando Trump anunciou a sobretaxa. No dia 2 de setembro, Bolsonaro será julgado por tentativa de golpe de Estado, enquanto sanções da Casa Branca contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, também sinalizam o grau de deterioração nas relações.
Além disso, Amorim criticou a postura dos Estados Unidos por entender que ela inviabiliza o sistema multilateral de comércio e prejudica a cooperação internacional. “A ação unilateral de aumentar tarifas demonstra uma postura de isolamento que ameaça a estabilidade econômica mundial”, alertou.
Para entender melhor os efeitos do tarifaço na economia brasileira, consulte este artigo.
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