O novo mapa eleitoral de Texas, aprovado pelos republicanos, redistribui os distritos de modo a consolidar o poder dos eleitores brancos, reduzindo a influência de comunidades latinas e negras, apesar do crescimento dessas populações no estado.
Divisão racial mascarada na redistribuição de distritos
De acordo com Vince Perez, representante estadual de El Paso, quase 90% do poder de voto branco está concentrado em poucos distritos, enquanto comunidades latinas e negras são fragmentadas em várias pequenas áreas, tornando difícil que elas tenham influência significativa nas eleições.
O crescimento populacional de comunidades de cor, que hoje representam quase 60% da população de 31 milhões de Texas, não se traduz em maior representação. Em vez disso, as novas linhas desenhadas pelos republicanos parecem deliberadamente dividir bairros coesos e diminuir a força eleitoral dos grupos raciais minoritários.
Implicações raciais e legais do novo mapa
Segundo o autor do artigo, a estrutura do mapa torna mais difícil para latino-americanos e negros elegermos seus representantes, com uma relação estimada de 445 mil habitantes brancos por cadeira de Congresso, contra 1,4 milhão de latinos ou 2 milhões de negros para ocupar uma vaga – uma desigualdade de peso eleitoral que favorece os brancos em cinco vezes.
Gerou preocupação, ainda, o histórico de discriminação racial no Estado. Decisões judiciais têm invalidado mapas anteriores por diluição do voto de minorias. Com a decisão da Suprema Corte americana de 2013, que eliminou requisitos de pré-aprovação federal, Texas passou a adotar mapas raciaismente enviesados, que podem permanecer por anos, enquanto litígios se arrastam.
Questões legais e o papel da Lei de Direitos de Voto
Apesar de argumentos de apoiadores de que o crescimento do apoio ao Partido Republicano entre alguns latinos justificaria os novos limites, críticos alertam que a Lei de Direitos de Voto busca garantir oportunidades iguais, não favorecer o partidarismo.
O uso do “rasgar e empacotar” comunidades de cor na divisão dos distritos é considerado uma forma de engenharia racial que exclui essas comunidades do exercício pleno do voto, contrariando o espírito da lei e a jurisprudência recente.
Consequências para as comunidades de cor em Texas
Se o plano for aprovado, Texas poderá ter uma das maiores subrepresentações de latinos em toda a América, superando até estados tradicionalmente considerados de grande presença racialminoritaria. Para Vince Perez, essa estratégia significa uma afronta às ações afirmativas e aos princípios de justiça eleitoral.
Especialistas alertam que esse tipo de manipulação racista disfarçada por mapas eleitorais pode criar um cenário de desigualdade que perdure por anos, reduzindo a influência democrática das comunidades de cor no futuro.
O debate sobre a legalidade e justiça dessa redistribuição continua, com órgãos judiciais atentos às possíveis violações do direito de voto no Texas.