Um recente estudo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), revelou que, atualmente, mais de 2,8 milhões de pessoas nos Estados Unidos se identificam como transgêneros, incluindo cerca de 724 mil jovens. A análise é a mais abrangente do tipo já realizada, utilizando dados de pesquisas federais e de agências de saúde estaduais para mapear a população trans em cada estado.
Dados que desafiam narrativas
A pesquisa, divulgada pelo Guardian, documentou a presença de jovens trans em todos os 50 estados e no Distrito de Colúmbia. Este estudo contraria os esforços do ex-presidente Donald Trump, que tentou deslegitimar a existência de menores trans ao eliminar referências a essas identidades em órgãos federais e ao reduzir as proteções e programas para comunidades LGBTQ+.
A autora do estudo, a Dr. Jody Herman, destacou a importância dos dados para a compreensão das necessidades específicas dessa população. “As pessoas trans vivem em todos os lugares e estão representadas em cada estado. Este é um grupo substancial que enfrenta barreiras únicas para acessar suas necessidades,” afirmou.
A importância dos dados para a população trans
O relatório, baseado em dados de 2021 a 2023, alerta que esse pode ser o último retrato abrangente da população trans dos EUA por uma década ou mais, já que esforços do governo atual visam eliminar esses dados vitais de pesquisas, como relatórios de saúde e análises de dados sobre crimes.
Entre os achados mais importantes, a pesquisa constatou que 1% da população dos EUA com 13 anos ou mais se identifica como trans. Entre os adultos, essa porcentagem é de 0,8%, enquanto 3,3% dos jovens de 13 a 17 anos se identificam como tal. Além disso, a pesquisa revelou tendências demográficas, como a maior identificação entre jovens adultos de 18 a 24 anos (2,72%) em comparação com aqueles de 35 a 64 anos (0,42%) e os acima de 65 anos (0,26%).
O perfil da população trans nos EUA
Dos 2,1 milhões de adultos trans identificados, 32,7% são mulheres trans, 34,2% homens trans e 33,1% não-binários. A distribuição é relativamente uniforme entre as regiões, com 0,9% dos adultos do Oeste, Centro-Oeste e Nordeste se identificando como trans, em comparação com 0,7% no Sul. Minnessota apresenta a maior taxa de adultos trans (1,2%), enquanto o Havai tem a maior taxa de jovens trans (3,6%).
As mudanças nas atitudes em relação à identidade de gênero também são notáveis, com os jovens de hoje crescendo em um ambiente mais acolhedor e receptivo, o que pode contribuir para a maior disposição de se identificarem como trans, conforme apontou o Dr. Andrew Flores, co-autor do estudo.
Desafios futuros na coleta de dados
Com a administração Trump atacando os esforços de coleta de dados, a falta de informações sobre a população trans pode dificultar a luta por direitos e serviços adequados. Flores alertou que a falta de dados pode fazer com que a população não seja contabilizada, e isso traz graves implicações para políticas públicas e para o reconhecimento dos desafios enfrentados pelas pessoas trans.
A necessidade de manter a visibilidade e a representação da população trans é mais crucial do que nunca. A Dr. Herman expressou preocupação que a perda de dados significaria uma lacuna significativa na compreensão da população trans e suas necessidades, afirmando que “o conhecimento sobre essa população não irá embora; apenas não saberemos mais sobre eles do que temos atualmente.”
Organizações e pesquisadores da comunidade LGBTQ+ estão buscando maneiras de continuar a coleta de dados sem o apoio federal. “Não vamos fechar as portas. Buscaremos formas de continuar contando essas histórias e ser persistentes,” disse Flores.
Com isso, a luta pela visibilidade e proteções adequadas continua, em um cenário onde os desafios são incessantes, mas a determinação de ser ouvido permanece firme.
Para mais informações sobre a população trans nos EUA, acesse a fonte original aqui.