Em um momento crucial para a sociedade brasileira, a discussão sobre a jornada de trabalho e a dignidade dos trabalhadores ganha destaque. A proposta de extinção da jornada 6 x 1 sem redução de salário está em pauta no plebiscito popular de 2025, que começou no dia 1º de julho com urnas espalhadas por todo o país. O bispo diocesano de Campos, Dom Roberto Francisco Ferreira Paz, traz pontos importantes para a reflexão sobre o tema e a busca por um voto consciente.
A primazia do trabalho sobre o capital
Um dos principais argumentos de Dom Roberto é a primazia do trabalho sobre o capital. Essa visão, segundo ele, foi defendida pelo Papa São João Paulo II na encíclica *Laborem Exercens*, que reafirma a subjetividade do trabalhador em relação ao capital, considerado material e impessoal. Este princípio sugere que o valor maior numa sociedade não deve estar ligado apenas aos bens materiais, mas sim à dignidade e ao bem-estar dos trabalhadores.
Dignidade e saúde integral do trabalhador
Outro critério que Dom Roberto destaca é a dignidade e integridade do trabalhador. Para ele, a saúde integral — corporal, mental e espiritual — deve ser respeitada, e os trabalhadores não podem ser vistos como meros insumos ou objetos de produção. “A vida do trabalhador é mais importante que o lucro”, afirma o bispo, enfatizando que ambientes de trabalho positivos e motivadores não só promovem a saúde mental e física, mas também aumentam a produtividade. Essa perspectiva está alinhada com a teoria humanista Y de gestão de trabalho de McGregor e princípios como o toyotismo, que priorizam o bem-estar do trabalhador.
O equilíbrio entre trabalho e descanso
Dom Roberto também menciona a importância do equilíbrio entre o trabalho e o descanso. Para que um trabalhador possa ser produtivo, é essencial que ele tenha tempo para recuperar suas energias, evitando situações de estresse e sobrecarga. Tal equilíbrio é fundamental para a saúde mental, medida que se torna ainda mais relevante considerando o aumento das doenças mentais, como o próprio bispo menciona em palavras que se ecoam fortes: “a situação do trabalhador é crítica”.
A crise psicológica do trabalhador
O papel da saúde mental no ambiente de trabalho foi discutido na quinta Conferência sobre a saúde do trabalhador, onde se ressaltou o crescimento das doenças mentais associadas à precariedade do trabalho. Richard Sennett, em seu livro *A corrosão do caráter do trabalhador*, já havia exposto o impacto da instabilidade e do medo no psicológico dos trabalhadores. A ansiedade, o pânico e a crise de autoestima são desdobramentos da relação desigual entre trabalho e lucro.
Rumo à justiça social
Por fim, Dom Roberto conclui que a proposta de redução da jornada de trabalho pode ser vista como um passo em direção à justiça social. Nesse contexto, a jornada de trabalho deve ser adaptada para promover não apenas a produtividade, mas também a dignidade. A ideia de que “o sábado é para o homem, não o homem para o sábado”, expressa um dos princípios fundamentais da fé cristã, reforça a importância de que o trabalho deve servir ao ser humano, e não o contrário.
Assim, a reflexão sobre a jornada de trabalho se torna um convite para repensar os valores que sustentam as relações laborais e a importância de construir uma sociedade onde o trabalho digno é uma realidade para todos. Um futuro em que a dignidade do trabalhador é valorizada e respeitada é não apenas um ideal, mas uma necessidade urgente para o progresso do Brasil.
Dom Roberto finaliza sua mensagem com uma oração: “Deus seja louvado!”, evocando assim um sentimento de esperança e solidariedade entre todos os que buscam um ambiente de trabalho mais justo e humano.
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